Quando isso tudo passar, espero que tenha nos restado humanidade, que é um quesito que nos andava um tanto “adormecido”.

Voltaremos a nos olhar nos olhos, a prestar mais atenção nos sorrisos de quem amamos e ver que dificilmente encontraremos beleza mais genuína.

Quando o corona passar, nós ficaremos. Porque teremos nos unido, o mundo inteiro, em prol da mesma coisa. E quem dera que fosse sempre assim, não é mesmo?

Quando o corona passar, talvez tenha se passado uma estação inteira, talvez meses tenham se passado, mas a nossa vontade de viver terá ficado, e isso nos será tudo.

Quando o corona passar, talvez tenha se passado muito tempo da última vez que demos um abraço apertado em quem tanto nos faz falta. Talvez estejamos diferentes do que costumávamos ser. Talvez tenhamos sobrevivido a coisas mais assustadoras do que o vírus, como os nossos próprios pensamentos

Quando o corona passar, vamos poder, enfim, arrumar um tempo para reunir os amigos para aquela massa com vinho em casa, que sempre ficávamos de marcar. Afinal, aprendemos a duras penas que o tempo é o Senhor do Universo e que precisamos fazer dele um aliado e usá-lo somente com aquilo que faz nosso coração feliz.

Quando o corona passar, talvez muitos de nós tenham ressignificado a felicidade e estejam, à essa altura, achando-se um tolo por reclamar tanto de tudo.

Alguns de nós estarão loucos para voltar à rotina, à doce e enlouquecedora rotina que tanta falta nos faz.

Outros de nós podem ter decidido, com concordância absoluta de todas as células de seu ser, que nunca mais voltarão às suas rotinas. E isso também pode ser uma libertação.
Quando o corona passar, avós poderão reencontrar seus amados netos, pais poderão rever seus saudosos filhos. Vamos poder ir à casa de quem amamos. Tomara que façamos disso uma parte irrevogável de nossa vida, daqui para a frente.

Tomara que resgatemos as tradicionais pizzas com jogatina de terças-feiras, as macarronadas com futebol dos domingos, e um simples café com pãozinho fresco, numa manhã qualquer, com quem amamos, sem ter marcado visita.

Quando o corona passar, talvez a saudade dos que se foram não passe nunca, mas que honremos a lembrança deles e nos tornemos seres humanos mais conscientes. Pelas gerações que virão.

Quando o corona passar, poderemos outras vez arregaçar as mangas, encher os pulmões de ar e ir à luta. Mas não nos esqueçamos de que todo mundo tem as suas lutas pessoais e que dinheiro nenhum vale a nossa ausência para nós e para quem nos ama.

Quando o corona passar, acredito que ele terá levado consigo o ego de muita gente, pois de uma maneira esquisita, demo-nos conta de que não existe supernada. Não existe superser humano, superpotência econômica. O que existe são pessoas. Todas da mesma espécie: humana. Todas enfrentando seus medos. Porque, quando o bicho pega, não é bem o saldo bancário que nos dá conforto e paz, é ter para onde ir, é estar com as nossa família. É ter quem se importa conosco.

O ego não manda em nada, o petróleo também não vale a vida. As bolsas caem e sobem o tempo todo. Não existe rico e pobre, nem negros e brancos. O que existe são pessoas.

Quando o corona passar, nossos churrascos ganharão outro sabor! Os abraços e as lágrimas, também. Teremos percebido, enfim, que a vida é algo que vai acontecendo involuntariamente e continuamente à nossa revelia, enquanto fingimos para nós mesmos que podemos controlá-la, e usamos todo o nosso tempo correndo atrás de coisas, quando a maior riqueza da vida é justamente aquilo que não podemos comprar?

Nós nos vemos agora fazendo uma lista como as resoluções de ano novo, mas que são, na verdade, para um mundo novo com que ousamos sonhar.

Vamos levar nossos cachorros para passear com mais frequência, vamos cuidar da nossa alimentação mais a sério e tomar vitaminas o ano todo. Vamos estar mais presentes na vida de nossos filhos e passar a acompanhar nossos pais e avós nas consultas rotineiras. Vamos voltar a valorizar os pequeninos prazeres cotidianos.

Vamos. Vamos fazer tudo isso quando o corona passar, porque ele vai passar. E talvez o aprendizado fique.

Que precisamos lavar mais nossas mãos, controlar mais nossas mentes e não sermos seres humanos sazonais. Porque a vida não é sazonal, ela não existe somente nos almoços de Páscoa e nas grandes vésperas de réveillon.

Somos todos um só. Pequenas pecinhas de um infinito quebra-cabeças universal, não funcionamos sozinhos. O planeta é um trocinho pequeno e não é redondo à toa.

Tenho certeza de que cuidaremos melhor uns dos outros e do nosso grande Lar… Quando o corona passar…

(Imagem: pixabay)

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"Bruna Stamato - Neurolinguista, palestrante, autora dos livros "Nunca quis um marido sempre quis um companheiro " "Você merece um amor bom. Mãe, geminiana e uma eterna sonhadora"

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