Hoje me deu uma saudade absurda de um tempo que, em minha cabeça, foi ontem. Mas, para ser honesto, preciso reconhecer que já se passaram alguns longos anos. Rodei a agenda do celular e vi tanta gente querida, tantos rostos que amo, mas sem novas mensagens. Sem novas motivações para retomar laços que o tempo desfez e agora, ah, agora restam só as fitas. Principalmente aquelas que guardam boas lembranças.

Olhando de certos ângulos, envelhecer é triste. As responsabilidades aumentam, a obrigação de dar certo, e, com tantos chamados da vida, acabamos deixando no silencioso algumas amizades. Certos encontros acabam ficando para um depois que nunca chega. Para uma hora que nunca vem. Jurados em diversos – vamos marcar – que não deixam novas marcas. Só esperanças.

Confesso que tenho me tornado solitário, mas não por opção. Parece que a vida veio me impondo isso ao longo dos tempos e eu, por puro comodismo, fui aceitando. Engolindo a seco os momentos que queria gritar e não tinha sequer um ouvido emprestado. Restando apenas as palavras que rabisco e prometo para mim mesmo que ninguém jamais vai ler. Mergulho no oceano infinito do meu quarto e uso o meu colchão de bote salva-vidas para não afundar em mim. Em lágrimas que rolam sem que eu decida se enxugo ou deixo cair.

Hoje me deu uma saudade absurda de um tempo que, em minha cabeça, foi ontem. Sobretudo das risadas. Como eram boas as risadas. Aos montes, sem pudor, sem vergonha, com os dentes saltando da boca e o pensamento de quem tinha a vida ganha. Quando somos mais novos, somos infinitos. Depois, acabamos todos passando a ter prazo de validade. Ou, pior, somos todos despreocupados. Depois, ocupados demais para lembrar que o amanhã não depende da gente.

Olhando de certos ângulos, envelhecer é triste. Agendas lotadas, tanto de reuniões quanto de contatos, mas nenhum contato físico, de fato. Tudo fica para depois. Para o próximo fim de semana. Isso se eu não estiver cansado demais e achar que um pijama e uma série me farão melhor companhia. É triste, mas é real. Certos encontros acabam ficando para um depois que nunca chega.

(Autor: Matheus Rocha)

(Fonte: eoh)

*Texto publicado com autorização do autor.




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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