Somos regidos pelos signos do Zodíaco, pelos hormônios, pelos sonhos, pelos traumas, pelos amores, pela consciência da morte.

Somos influenciados pela política, pela tradição, pela economia, pela propaganda, pelos inimigos, pelas ilusões, pela maledicência, pelos elogios, pela ideologia, pelo álcool, pelos conteúdos do nosso inconsciente.

Somos definidos pelas estatísticas, pelas tendências, pelas previsões, pelo consumo, pela moda, pelo medo, pelas novelas, revistas, calendários, dinheiro, ano novo.

Somos determinados pela química, pelas crenças, pela criação, pelos acasos, pelo destino, pelo azar, pela sorte, pela genética.

Seríamos mesmo esta soma de previsíveis resultados? Seria o livre-arbítrio uma ficção a caber no estreito vão das nossas supostas e limitadas escolhas? Quem somos e o que não somos diante das inevitáveis influências que nos amarram à vida?

Qual minha culpa diante dos irresistíveis pecados a que naufrago, ou dos prazeres que tanto sofro? Qual minha cota de responsabilidade nos amanhãs? Teremos inventado a liberdade como abençoado lugar para se estar mas que nunca estamos?

Afinal, entre as minhas alternâncias, onde reside minha independência? Em qual lugar onde não sou habita meu espírito desnudo e leve?

Talvez se um dia aquietássemos o mundo para ouvirmos coração soprando as verdades que distraídos não escutamos; mas teimosa perturbação esta que vive dentro e nunca se cala para que venhamos a ver, saber, sentir, ouvir e a ser.

Vivemos para sempre buscando um silêncio impossível.

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Poeta, escritor e colunista do site Fãs da Psicanálise.

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