Ódio é ódio, minha gente. Amarrar a um poste um suspeito de assalto e surrá-lo até a morte é exercitar o mesmo ódio que um assassino põe em prática ao tirar a vida de um trabalhador no ponto de ônibus. É dar cabo da mesma fúria de um covarde que espanca a mulher em casa. Quem toma parte de um linchamento utiliza o mesmo recurso de um bandido medonho que amarra uma corda ao pescoço de um cachorrinho e o asfixia para divulgar a foto nas redes sociais.

É o mesmo ódio. Sob outra forma, distribui a mesma raiva levada adiante por quem ofende uma pessoa por sua cor, seu credo, sua origem social e sua opção sexual. Tem a mesma sanha de ataque e a velha falta de critério e estratégia dos que pensam mirar insultos a um partido político e acabam atirando descaradamente contra o resto do mundo, contra a decência, o respeito, a inteligência. É ódio, minha gente! Distribuir ódio por aí, sob qualquer forma, virou a coisa mais fácil e banal do mundo.

Estamos borrifando maldade sem nos darmos conta! E daqui a pouco ela volta. Volta na cara de um de nós, de um dos nossos, sob a forma de um insulto gratuito, uma paulada, uma bala perdida. Porque insistimos, nós, os “cidadãos de bem”, em praticar o mesmo ódio dos facínoras. E antes que alguém me diga com expressão superior: “você está generalizando, menino!”, eu respondo — ódio é ódio em qualquer lugar, sob qualquer dose, com qualquer pretexto.

Venha do imbecil que ofende uma jornalista negra, do “militante político” que pede a morte de um “adversário” pelo Facebook, do criminoso que assalta e mata, de um justiceiro que espanca e executa um acusado na rua ou do desavisado que aplaude uma barbaridade.

Pensemos. E, por favor, miremos nossas reflexões para além do simples e fácil “você está defendendo bandido”. Nós podemos mais do que isso.




Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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