Adoro quando prepara o café e faz o pão do jeito que eu gosto, nem tão torrado, nem tão gelado: morninho. Adoro os beijos que antecedem isso e a forma como me acorda, assim, devagarinho, sem assustar. E quando fala da vida e do quanto ela já foi difícil para você. E ri e chora ao mesmo tempo.

Adoro mais ainda como você conta isso e repete todos os dias como é bom estar vivo. Em contraponto, essa fragilidade nada aparente me arrebata e me causa a necessidade absurda de lhe proteger do mundo. Protejo você no meu abraço enquanto dorme e peço aos anjos que acompanhem você em todos os passos.

Adoro quando esqueço a toalha no sofá e você olha com aquela cara de quem vai reclamar nos próximos cinco minutos, mas esquece antes dos dois. E quando você pede para que eu seque as suas costas e tudo o que vem depois disso. Essa pele macia que arrepia na minha. E o creme de avelã que você não abandona um dia sequer e que deixa teu cheiro ainda mais sexy. Viciei nesse perfume e no novo cheiro que surge quando junta com o meu.

Adoro deitar no seu colo enquanto assiste a esses filmes que me fazem dormir. E quando você ri e me acorda sem querer e olho seu rosto de baixo e – veja só! – consigo me apaixonar de novo pelo seu nariz desenhado a fino trato. Gosto quando chega faminta e pede algo para comer antes da janta. E devora tudo como se o mundo fosse acabar. Adoro quando senta no sofá para ver a novela que você adora, enquanto faz as unhas e cantarola aquela música da Gal.

E eu canto junto da cozinha enquanto faço aquele prato que a gente adora. Gosto quando lava a louça e reclama do detergente de maçã. Adoro quando quebra algo e se benze para não dar azar. Adoro mais ainda quando diz que azar não existe.

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Gosto como chora sem medo e como me ensinou a fazer isso sem vergonha. E do abraço que pede baixinho e das vezes que briga porque esqueci daquelas datas que só você lembra. Adoro quando ri das minhas piadas sem graça só para me arrancar um sorriso.

Gosto quando a gente ri junto e me derruba na cama de tanto gargalhar. Gosto mais ainda quando o silêncio vem minutos depois e você me olha como se fosse a primeira vez. E a gente sabe como esse parágrafo termina.

Gosto de como você pede amor e da magia que causa com suas mãos nas minhas costas. Gosto mais ainda de tudo que me fala no ouvido enquanto arranha. Adoro teu corpo suado, molhado, e como gruda de jeito no meu. Adoro como lhe conheço tanto, mas sempre tenho algo novo a conhecer.

Gosto quando conversamos sobre nossas brigas e como você esquece tudo no dia seguinte. Adoro tuas manias chatas e como elas me fazem lhe achar ainda mais linda. E todos os dias penso como teria sido se eu não tivesse cismado com você naquela tarde chuvosa de novembro.

E você me faz acreditar que o mundo pode ser melhor e sorri quando faz o mundo de alguém melhor. E como não se gaba de nada disso. Adoro como seu coração consegue ser mais bonito a cada dia que passa, como as pessoas sentem e agradecem a sua luz.

Que sorte a minha ser o centro do seu meio e lhe esperar sempre com um sorriso no rosto, uma panela no fogo e beijos intermináveis de amor.




Ju Farias é jornalista, poeta e escritora. Autora do livro Com licença, posso entrar?, que já está esgotado nas livrarias, a gaúcha já prepara o lançamento da sua segunda obra, com título provisório de "Cá entre Nós". É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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