Não só de felicidade vive o homem… Vive também de tristeza!
Se sentir triste não é ser fraco. Momentos tristes, muitas vezes, é uma chance de refletirmos sobre nosso percurso para assim podermos fortalece-lo e seguir em frente e enfrentar as adversidades que diariamente surgem.

Sentir-se triste não é, em muitas vezes, está em estado de depressão. Sentir-se triste é condição constituinte do sujeito, assim como é sentir-se feliz, com fome, com sede e tantas outras condições. Agora, é importante perceber o motivo que nos leva a tristeza, para que esse sentimento não pendure por longo período e nos paralise. Sim, a tristeza em excesso pode nos paralisar e devemos cuidar dela, por isso, é preciso para além de vivenciar a tristeza, tentar compreendê-la e enfim, falar sobre ela. São duas posturas distintas: Não se permitir sentir tristeza e permitir-se sentir tristeza, mas cuidar dela.

Por muitas vezes a sociedade é cruel conosco nos fazendo acreditar que por estarmos tristes estamos necessariamente em estado depressivo e que precisamos nos esgotar de medicamentos – vale ressaltar que eles são de extrema importância, mas não para TODOS os casos, precisa de cautela e cuidados profissionais – para que a dor emocional passe logo porque com ela, não somos nada. Não é assim que muitos passam para nós sobre sentir-se triste? Vivemos em uma sociedade onde é obrigado ser feliz o tempo todo. Mas não somos obrigados a nada, inclusive a ser feliz o tempo todo. E mais, ela nos obriga a tamponar a tristeza com medicamentos ou seja lá com o que for, contanto que a dor emocional seja cessada logo, imediatamente, urgentemente porque precisamos trabalhar, precisamos ganhar dinheiro, precisamos cuidar do outro, precisamos, precisamos de algo. E cuidar de nós, não precisamos também?

Não faço apologia a tristeza, falo sobre sentir-se triste e poder falar sobre isso sem a obrigação de sentir-se feliz o tempo todo pois, é difícil mantermos em um estado de ânimo sempre e para sempre, diria até que é cruel pois, precisamos experimentar os diversos sentimentos que perpassam em nossas vidas para assim refletirmos, aprendermos, amadurecermos constantemente – Constante processo de transformação, inovação e recomeço.

É tanta solicitação para ‘felicidade eterna’ que a sociedade vive triste por não poder se sentir triste livremente. Não só de alegria vive o homem, também precisa sentir dor, sentir-se triste para poder resignificar esses contextos e seguir adiante. É preciso falar sobre o que sentimos. Guardar tudo que sentimos pode nos causar dor não só emocional, mas também física. É permitir deixar cair o véu e recobri-lo de uma nova forma..
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Os consultórios de psicanálise/psicologia estão lotados diante da demanda gigantesca de sujeitos que precisam de um espaço para si; para poder se encontrar falando das alegrias e tristezas que carregam na bagagem interna, sem precisar dar sempre justificativa ao outro; sem necessitar ser feliz o tempo todo; sem precisar omitir o que sente verdadeiramente. Carecem de um espaço que acolher seja sinônimo de escutá-los sem julgamentos, sem pressões, sem obrigações. Como nos disse Moraes (2011):

Leia Mais: Eu quero é ser feliz do meu jeito

O terapeuta no melhor do seu ideal, não opina,
não defende, não moraliza e sobretudo,
não julga. Ele ocupa o papel de veículo,
se limita apenas a ser o condutor de emoções
e elaborações, empresta a sua figura para a transição
de material psíquico e a promoção da
“transferência” em Psicanálise.

Por isso a grande importância de fazer análise! Que a escuta do analista seja caminho para quem chega em seu consultório trazendo uma bagagem de sofrimento, angústia, silêncios. Que o analisando possa fazer do setting analítico o seu espaço singular onde possa ser você mesmo, sem medos e sem pressões. Que o analista por sua vez, possa acolher todo tipo de dor, de tristeza, de alegria…

Nesse caleidoscópio que é o ser humano,
sempre mutável, “sempre em busca de…”,
também buscamos compreender o outro,
compreender esse amaranhado fascinante
que é a mente humana, os intrincados processos mentais
e as tão variadas formas de manifestação,
formas de elaboração da dor,
da tristeza, da alegria” (ROMARO, 2009)

A sociedade dita o que você deve fazer e falar, mas lembre-se: você não é obrigado pois és o protagonista da sua vida. Ser protagonista não é nada fácil, mas é possível. Mia Couto também nos disse: “Porque andei sempre sobre os meus pés, e doeu-me às vezes viver”. Há um ar de tristeza nesse discurso, mas também há um ar de enfrentamento e reelaboração diante do sofrimento. E sempre há tempo para resignificar o que está doendo!
Seja protagonista diante da vida, da dor, da tristeza, da alegria, do viver!

Eu decidi velejar.
Dói.
Mas esse barco quem toca sou eu.
Quase sempre estou só, mas nesse
Barco quem manda sou eu.” (Autor desconhecido)

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