É, de fato, um tanto difícil somente ver o lado bom das coisas e apenas cogitar hipóteses positivas. Mas deixar que o lado negativo prevaleça, que as possibilidades mais sofríveis sejam as mais cogitadas e que os medos virem monstros dentro do nosso coração pode acabar com a nossa alegria, a nossa energia e a nossa lucidez…

Segundo o dicionário Priberan, “noia” “é o mesmo que paranoia”. Esta, por sua vez, é a “designação dada a diversas perturbações psíquicas, geralmente associadas a desconfianças patológicas e erros de interpretação da realidade”, ou, ainda, “falta de juízo = LOUCURA, MALUQUICE”. Sério, tudo isso está no dicionário!

Tá bom, é difícil somente ver o lado bom das coisas, apenas cogitar hipóteses positivas e não permitir que uma pulguinha atrás da orelha vire, vez ou outra, um monte de minhocas na cabeça. Muito difícil, de fato. Mas deixar que o lado negativo prevaleça, que as possibilidades mais sofríveis sejam as mais cogitadas e que os medos virem monstros dentro do nosso peito pode acabar com a alegria, a energia e a lucidez. Nos fazer, pois, “pirar o cabeção”.

Quando vemos, estamos lá pensando que um carocinho nas costas pode ser um câncer. Que, se alguém está atrasado, é porque sofreu um grave acidente. Que, se o chefe esqueceu de dar o “bom dia” habitual, é porque vai nos colocar para rua. E, se o nosso companheiro não foi tão carinhoso ontem à noite, é porque não nos ama mais. Isso certamente não é nada saudável.

É claro que as possibilidades mais horrendas existem. Não há dúvidas de que o futuro é incerto e de que amanhã tudo pode mudar.

Todavia, elas são ínfimas perto das probabilidades de o mundo continuar girando ainda por bastante tempo, de vivermos muitos anos, termos a saúde necessária para fazer muitas coisas legais, sempre termos uma mão amiga para nos confortar e nunca deixarmos de ter o mínimo para viver razoavelmente bem…

Ademais, possibilidades fantásticas existem diuturnamente, mesmo que não as percebamos e/ou aproveitemos: levantar da cama e prestigiar o nascer do sol; lembrar que somos amado por alguém, com quem podemos contar para o que der e vier (1, 10 ou 50 pessoas, não importa); ter um trabalho bacana (ou a possibilidade de se reinventar procurando um novo ofício); conhecer pessoas novas que podem se tornar, em pouco tempo, muito importantes na nossa existência; descobrir lugares fantásticos para visitar por esse mundão afora; ter livre arbítrio para, a hora que desejar, jogar tudo para o alto e dar uma guinada na vida, etc…

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Nunca é tarde para se dar conta disso. Sempre é o momento certo de adotar uma postura mais leve e alegre. Por tudo isso, ficar se concentrando nas possibilidades ruins é total perda de tempo e energia. E a vida é curta demais para tudo o que podemos fazer de bom, então imagina se ficarmos, ainda, desperdiçando parte dela para, deliberadamente, nos estressarmos…

Logo, não podemos “entrar na noia”. Temos que nos treinar para, a cada possibilidade de “dar uma piradinha”, nos contermos. Não pensarmos nas piores hipóteses, dar-lhes um “olé” assim que tentarem se manifestar, e nos concentrarmos em outra coisa. Vez ou outra acontecerá, é fato, afinal, somos aprendizes. Mas cada vez menos, se nos esforçarmos.

Vamos dar uma “chega pra lá” para o nosso “anjinho do mal” que fica ao lado do ouvido tentando nos incutir pensamentos que vão nos colocar pra baixo. Ele pode até não ter as piores intenções (tipo, quer apenas “alertar” e tal…), mas não vai adiantar de nada, então melhor descartar esses pensamentos de cara. Antes que cresçam, criem raízes e virem uma máquina de fazer sofrer nosso coração.

Precisamos nos convencer, de uma vez por todas, de que não precisamos cogitar possibilidades ruins. Estar ciente disso ou daquilo, definitivamente, não vai facilitar nada caso algo venha a acontecer no futuro. Pelo contrário, nos faz sofrer por antecipação por coisas que, muito provavelmente, nunca venham a ocorrer.

Um bom slogan para se adotar, então, é: “Noia, tô fora”. Temos milhares de outras coisas, pessoas e sentimentos com que gastar nossa energia, nosso tempo e nossas possibilidades.

A nossa saúde mental agradece. E os que estão ao nosso redor também…

(Imagem: Elizabeth Gadd)




Servidora pública de profissão, escritora de coração. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

1 COMENTÁRIO

  1. muito construtivo porem, enquanto lia este artigo eu estava usando muita droga, e minha droga acabou e agr eu estou muito irritado queria um conselho para canalizar as minhas energias em outras coisa e não nas drogas.
    obs: to muito loko agr

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