A verdade é que a maioria de nós não está aqui querendo ser feliz, mas querendo sofrer o mesmo que sofreu na sua infância quando quis entender o amor dos seus pais por si. A maioria de nós precisa sentir nas suas relações adultas esse mesmo ambiente familiar de quando era criança.

Pode parecer de loucos, mas é essa a razão por que não conseguimos conceber o verdadeiro amor sem uma boa dose de sofrimento.

Ninguém teve pais perfeitos, porque tal coisa não existe. A nossa infância pode até ter sido no geral feliz, mas houve momentos em que nos sentimos verdadeiramente desiludidos, humilhados, sozinhos, tristes, não entendidos e experimentamos um tipo de sofrimento que ficou ligado à nossa relação com o amor parental e, como tal, às relações em geral com as pessoas das quais gostamos.

“Se não existe sofrimento, não é verdadeiro e não vale a pena acreditar nele.”

Para tentar em vão evitar esse sofrimento, queremos que a pessoa que gostamos já saiba tudo sobre nós, que adivinhe as nossas necessidades, os nossos desejos, que não precise de nos escutar falar de nós mesmos porque, à imagem de quando éramos crianças e os nossos pais pareciam saber tudo o que sentíamos e pensávamos, acreditamos que essa pessoa deve saber tudo aquilo que sentimos e pensamos.

É por essa razão que queremos ser entendidos no amor sem ter de abrir a boca.

É aquela dose de romantismo estúpido que desejamos sentir porque sabemos que nos vai levar ao inevitável e desejado sofrimento no amor, precisamente porque ninguém nos vai entender para sempre se não lhe contarmos as nossas imperfeições e medos.

É daí que vem a tão conhecida história de sermos almas gêmeas que se encontram no tempo errado, que não nos entendemos porque temos consciências diferentes do amor que sentimos, etc, etc, etc.

A verdade é que o amor adulto deve ser diferente do amor que recebemos quando crianças, senão nunca seremos capazes de viver relações saudáveis.

Querer viver mais do mesmo é querer sentir na outra pessoa a proteção dos pais e a consequente desilusão de eles não terem sido perfeitos.

O amor é tudo, menos perfeito. Se fosse perfeito, não o conseguiríamos entender nem viver. Seria incondicional. Não estaria ao nosso alcance.

Para vivermos o amor, temos de começar do zero, temos de aprendê-lo no respeito por quem somos, temos que saber nos afastar dele, se tende a nos humilhar e segui-lo, se nos faz encontrar quem somos.

Amar não é sofrer. É aprender a não escolher o sofrimento.




José Micard Teixeira é um escritor e coach português nascido em 1961 na cidade de Aveiro (Portugal). É Autor de 6 livros de autoconhecimento e dá palestras e workshops sobre os mais variados temas relacionados com a natureza humana e a sua evolução. Deixou em 2002 um cargo de director geral de empresas para seguir o seu sonho de comunicar com os outros a sua verdade e ajudar as pessoas a se encontrar. Dá consultas de Coaching Pessoal e Profissional via Skype para todo o Mundo. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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