Será que pouco sentimos? Será que sentimos o que vivemos? Será que apenas sobrevivemos na sentimentalidade? Sentimentalidade, de acordo com o dicionário, é “qualidade ou caráter sentimental”, enquanto sentimento é “o ato de ou efeito de sentir.

Concepções completamente distintas, mas que nos levam a crer em perspectivas e práticas, muitas vezes, obtusas. Quando deixamos o medo de expor os nossos anseios sob a desculpa corriqueira da verdade e da honestidade, estamos, de alguma forma, nutrindo condições nocivas ao coração.

Porque veja bem, dizer a verdade nem sempre implica honestidade. Verdades são construídas a partir dos nossos próprios argumentos e crenças. Carregar honestidade no peito e nos lábios é nada mais do que abraçar o autoconhecimento que é viver. E como deixamos de viver ao confundirmos o caminhar.

O tempo e as experiências adquiridas deveriam pavimentar afeto nos eus, e não obscurecer, dolorosamente, a nossa capacidade de demonstrar os sentires para o próximo. Mas o egoísmo e a arrogância emocional, dia após dia, tomam conta, adoecem e constroem um pouco mais de frieza para os corações que, no passado, plenos e aquecidos viviam. Isso não pode continuar.

O querer pela metade não é assertivo, mas inerte. Seguindo dessa forma, perderemos não somente a oportunidade das mais grandiosas carícias, como também entraremos num estado absoluto de falácias e pouco caso das coisas. Sonhar não é tolice. Querer inteiros não é ingenuidade. Praticar o intenso não é burrice.

Inviável é o coração que, sedento, atende por vaidades. Sentimos pouco quando, covardemente, a escolha é do não viver. Vivamos. Sobreviver é uma prisão sem grades. Por mundo de sentimentos livres, por favor.




Cidadão do mundo com raízes no Rio de Janeiro. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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