Talvez, não haja questão mais complexa do que saber a hora de desistir de um amor. Cai naquela velha história de discernir o que pode ser mudado ou não.

Quando temos sabedoria para entender o que tem solução e o que já está solucionado por falta de remédio, aprendemos a aceitar com mais conformidade o que não podemos mudar e passamos a ter mais força para lutar por aquilo que ainda é possível e vale a pena.

Vemos atualmente muitas pessoas desistindo do amor muito facilmente. Abrindo mão de relacionamentos sem nenhum tipo de luta porque lutar parece cansativo demais e o mundo aqui fora está cheio de possibilidades pseudo afetivas. Por outro lado, não me parece saudável insistir em histórias fadadas ao fracasso. Como se diz… a virtude está no meio. Embora , quando o tema seja amor é muito complicado ser mediano.

Tendemos aos extremos no amor: ou jogar tudo para o alto cedo demais ou ficar prolongando por tempo indeterminado um relacionamento que respira à base de aparelhos.

Talvez, deixar um amor por uma pequena desavença seja quase o mesmo que se manter numa relação por comodismo ou dependência afetiva. Nos dois casos , aparentemente extremos e antagônicos, exista um forte denominador comum: o medo de encarar a vida.

Quem abandona o jogo logo de cara tem tanto medo da dor que prefere desistir. Quem continua num jogo perdido, tem medo dos perigos do mundo desconhecido e prefere ficar vivenciando os horrores os quais já conhece tão bem.

Lutar demais ou de menos são faces da mesma moeda. Se importar e se estressar com tudo, com as menores ofensas e contrariedades é tão errado quanto não se importar com nada.

Deveríamos aprender a dar pesos diferentes para problemas e questões que tem importância e valores distintos. Minimizar o grave pode ser um autoengano. Mas valorizar demais algo que não vale a pena, pode denotar lacunas muito profundas em nosso ser. Enfim, existe a hora de ligar o fodômetro e existe a hora de arregaçar as mangas e tentar reconstruir.

E é aí que entra o inestimável poder do discernimento.
Não existe fórmula fechada ou receita pronta “faça você mesmo” para saber discernir com lucidez. Cada caso é um caso. E cabe a cada um de nós observar e refletir sobre as nossas circunstâncias. Cabe a cada um de nós pesar prós e contras e principalmente ouvir o que o próprio coração tem a nos dizer. Lá no fundo, quase sempre a gente sabe o que deve fazer…só nos recusamos a aceitar.




Profa. doutora , idealizadora da Pós em Cinema do Complexo FMU, escritora e psicanalista. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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