Vivemos na correria. Corremos de um lado para outro. No trânsito, na esteira, nas ruas. Corremos para pegar o voo, para chegar ao trabalho, para pegar o filho na escola. Corremos com a matéria atrasada da escola e com as aulas de inglês. Corremos até para sermos mais “maduros”, para parecermos mais “bem sucedidos”, para aparentar felicidade.

É tanta correria que quando temos um tempo livre, não sabemos administrar a calma que esse tempo pode nos proporcionar.

Queremos aproveitar esse tempo para fazer mil coisas legais, e, quando a gente menos percebe, olha lá a gente correndo de novo: pra pegar um lugar bom no show, pra fila do restaurante, pra praia, pra visitar aquela exposição. Corremos também, para as redes sociais, para vigiar a vida dos outros ou para postar a nossa no minuto de cada flash.

Existem pessoas ligadas no 220, ou seja, agitadas da hora que acordam até a hora de deitar. Elas simplesmente não conseguem parar, pois têm uma necessidade constante de estar em movimento. O corpo não para, a mente não para. O coração bate acelerado. Elas têm ataques de ansiedade. Precisam tomar remédios para dormir. Não aprenderam a relaxar por conta própria.

Não percebem que a pausa também faz parte da música, que a parada também faz parte da dança e que o silêncio também faz parte da fala. Parar não é estagnar, não é comodismo e nem insegurança.

Toda vez que paramos, temos a oportunidade de olharmos a situação por uma perspectiva mais ampla, com mais serenidade para tomar futuras decisões. Parar, não é perder tempo, ao contrário, é ganhar tempo lá na frente. É evitar decisões precipitadas, é balancear as perdas e os ganhos.

As pausas são super bem vindas entre uma decepção e outra. Entre um emprego e outro. Entre uma mudança de cidade. Entre o término de namoro e começo de outro. Entre um exercício físico. Quem nunca consegue ter seus momentos de pausas, reflexões e meditações também não consegue se conhecer bem. O auto conhecimento acontece aí (na psicoterapia também, é verdade).

Lei mais: Psiu, um silêncio acalma a alma!

Estar em paz com a própria companhia é poder apreciar os encontros com você mesmo de forma leve. Quem consegue fazer isso, tem um domínio muito forte sobre as emoções, em especial sobre a solidão. Minha dica é: se dê uma folga, tire uma horas, um dia, uma semana, para estar com você e faça acontecer a pausa que sua vida tanto necessita. A pausa é sua, de mais ninguém, portanto desfrute do jeito que quiser.

“De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.” (Fernando Sabino)




Psicóloga e mestre em Psicologia Social. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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