O dia a dia é assim. Não podemos nem nos dar ao luxo de ficarmos enfiados debaixo das cobertas chorando nossas dores, lamentando nossos amores! Podemos não! Podemos nada disso… Se estamos com olhos lacrimosos, lá vem um querendo saber o que há, o que fizeram e aí até você responder todo mundo, explicar o que você não quer explicar, acabamos optando por sorrir enquanto a vida vai passando e todos pensando que estamos sempre bem! Sim, sempre felizes! Sempre sorrindo!

Existe aquele tipo de gente que não está nem aí se vão falar que estão um trapo, sofrendo, que não se recuperam, que são fracos e medonhos por serem assim. Eles simplesmente não estão nem aí! Cultuam sua dor e não disfarçam, cultivando dia após dia, uma nuvem espessa sobre suas cabeças. “Mas qual é o problema? Eu estou sofrendo, não estou?”

Porém, existe o tipo que não quer que as pessoas saibam que estão sofrendo. Não querem porque são orgulhosos demais para admitir que sofrem, que foram despedaçados por dentro e que alguém, um dia, ousou ferir-lhes! Então elas sorriem. Um sorriso frouxo, amarelo, de quem está oco por dentro ou, vai saber, transbordando de dor. Se rir demais, acaba chorando sem perceber. Mas ainda sim, mantém sua pose, vão levando os dias nessa visão falsa de si mesmos e quando chegam em casa, se destroem de lamentos sobre o travesseiro. Estão picados por dentro, mas preferem que as pessoas não saibam que eles são seres humanos como outro qualquer e que sofrem. Preferem que eles saibam que são invencíveis, felizes e inatingíveis.

Vou te apresentar agora, aquele outro tipo: o tipo que sorri sofrendo, não por orgulho, não por vergonha do que sente, mas porque acredita que seu sorriso pode aliviar sua dor. Ele até chora durante às noites ou quando olha pela janela tomando uma xícara de chá. Mas ele sabe, que se viver chorando pelos cantos, não vai se curar, não vai adiantar e até deixará as pessoas à sua volta tristes também. Ele não quer que ninguém seja triste por ele estar triste, miudinho em sua dor, sua frustração, seus sentimentos despedaçados. Ele quer sorrir porque cada sorriso seu é uma lágrima a menos em sua alma.

Qual dos três tipos você é?

Bom, bonitinho você sofrer e gritar tanto esse sofrimento que todos saibam e se compadeçam de você, como no primeiro caso. Mas uma hora, toda essa cena se tornará cansativa demais e, de tanto querer a atenção do outro pela sua dor, acabará afastando as pessoas, porque uma hora, amigos, essa dor precisa passar!

Orgulho também não leva ninguém à nada. Se tiver que chorar, chore, afinal, você não é de ferro ou é? Esses extremos são ruins demais para a nossa vida, para nossa saúde emocional. Viver uma mentira por medo de ser ridicularizado por ser humano é péssimo! Seu sorriso acaba se tornando uma prisão que você mesmo construiu onde nem você mesmo saberá quando estará sorrindo de verdade ou quando está sorrindo para encobrir desnecessariamente, a sua dor.

Então, como no último caso, que o sorriso venha como uma remédio milagroso, não como um disfarce. Que a receita “sorriso” seja usada, não para esconder a dor que te consome por dentro, mas, para ainda que sofrendo, você possa ser uma pessoa melhor que supera a si mesmo a cada dia.




Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor do amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.

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