Diante da vastidão do universo e da relatividade do tempo, do big bang, da física e da química, da extinção dos dinossauros e da probabilidade da vida humana acontecer, eu aceito por completo que foi uma sorte imensa ter te encontrado. Ou, como dizem os novos entendidos sobre acaso, nós temos toda a responsabilidade quântica de termos nos encontrado.

De uma maneira ou de outra, pra mim não importa. Tanta coisa podia ter dado errado pelo caminho e mesmo assim aconteceu. A gente se encontrou, se apaixonou e pela primeira vez na vida eu entendi o que dizem nos filmes de amor.

E eu vejo tanta gente por aí querendo namorar só pra não ficar sozinho, só pra ter companhia. Mas se for só pra ter companhia, eu prefiro a minha. Se for pra namorar, que seja pra mergulhar um no outro. Se for pra namorar, eu só quero que seja que nem a gente.

Que seja pra sentir o coração acelerando quando eu ouço o barulho na chave entrando na fechadura quando você chega. Que seja pra ter vontade de te agarrar quando você passa no corredor. Que seja pra ter vontade de te levar pra qualquer lugar que eu vá, mesmo sabendo que eu preciso dos meus momentos solitários de vez em quanto.

Que seja pra ter vontade de viver um no outro, entrar um no outro e virar um ser com duas mentes e um corpo. Que seja pra sentir suas conquistas e derrotas como se fossem minhas. Que seja pra acordar todo dia e sorrir só por você estar lá. Que seja pra ter essa ajuda mútua e motivação pra tudo novo que eu inventar de fazer.

Que seja pra fazer miojo quando a gente chega bêbado de madrugada. Que seja pra gente ter nossa liberdade, que é o que nos prende. Que seja pra gente sair à noite pra lugares diferentes e chegar em casa morrendo de saudade. Que seja para as nóias e os monstrinhos da minha cabeça hibernarem quando eu te ligar e ouvir que tá tudo bem.

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Que não seja um relacionamento com certezas ou dúvidas, mas com descobertas. Que seja exagerado mesmo. Que não precise existir a expectativa do futuro, porque a gente se basta agora e isso é o suficiente. Que a gente jure amor eterno, sabendo que ele não existe, mas achando que nós somos seres especiais e vamos viver o amor eterno, sim.

Que seja essa conexão de pensamentos e ideias. Que seja pra viver a telepatia humana. Que todas as camadas de uma conversa sejam entendidas e o outro saiba exatamente do que se trata. Que eu respire e você saiba que tem algo diferente no meu humor. Que seja pra experimentar outros níveis de consciência juntos. Que seja pra inspirar o outro e não para podar ideias. Que seja pra enlouquecer junto. Pra se divertir junto. Pra chorar junto. Pra levantar junto. Mudar junto.

Que seja pra fazer tudo junto, mesmo em pensamento. Que seja pra estar sempre junto, mesmo separados, mesmo vivendo as rotinas individualmente, mesmo correndo atrás dos nossos sonhos por nós mesmos. Que seja pra eu querer ser o melhor de mim pra aflorar o melhor que tem em você.

Que nossas vidas continuem sendo vidas individuais, mas compartilhadas. Que você continue tendo seus segredos e eu os meus. Que tenha sempre alguma coisinha pra te surpreender. Que cada um seja responsável pelas próprias escolhas, mas sabendo que vai sempre existir o impulso do outro pra toda escada que surgir e uma mola no fundo do penhasco quando o outro cair. Que seja pra diminuir o medo de arriscar. Que seja pra se jogar. Que seja pra ser feliz.




Talvez eu seja todas as palavras que eu já escrevi. Talvez eu seja todos os personagens que eu já criei e vivi. Acho difícil falar de mim, já que, quem eu sou agora, já é diferente de quem eu era um minuto atrás. Colunista do site Fãs da Psicanálise.

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