Tem gente que vai embora porque não há mais interesse, amor ou afetividade. Tem gente que a vida nos tira à força, dolorosamente. Alguns, no entanto, saem porque preferem continuar a ser o que sempre foram, sem mudar o que nos incomoda, sem abrir mão de nada por nós.

Nem todo mundo fará parte das nossas vidas e nem todos que chegam ali ficarão para sempre. Nossa jornada é feita de encontros e desencontros, uns gratificantes, outros nem tanto. Porém, todo dia é momento de aprender, tanto com as alegrias quanto com as dores. Quem permanece deve ser valorizado e quem vai embora ao menos que deixe lições, ensinamentos e clareza quanto ao tipo de gente que devemos evitar.

O amor, às vezes, acaba, bem do outro lado, enquanto aqui dentro ainda existe sentimento de sobra. Seremos, então, aquele que será largado, passado para trás, preterido, evitado. Não será fácil lidar com as negativas alheias, mas teremos que continuar. Faltando um pedaço que seja, mas sempre em frente, porque há pessoas que não desistem de nós e é junto delas que encontraremos repouso consolador e força motivadora, para que não nos demoremos nas escuridões de nossos fantasmas por tempo demasiado.

Muitas pessoas se tornarão “ex”: ex-amigo, ex-parceiro, ex-colega de trabalho, simplesmente porque o tempo passa e leva consigo muito daquilo que tolamente imaginávamos ser nosso. Na verdade, não temos é nada, além do aqui e agora, pois tudo pode mudar, em um átimo de segundo. Uma doença, a morte, o desemprego, uma traição, não existe o que não possa nos alcançar, assim, de repente. Nesses momentos, o que nos restará serão os poucos que não saem de perto, além das doces lembranças de tudo o que vivemos verdadeiramente. Precisamos perceber que muita gente que sai de nossas vidas promove uma melhora incrível em nossa jornada, mesmo que, de início, não percebamos.

Certos indivíduos não conseguem dividir, conceder, ou enxergar além do próprio ego, não suportando enfrentar as próprias mentiras, não tendo coragem para serem confrontados pelas verdades alheias e que não são suas. Assim, covardemente preferem se afastar daquilo que requer maturidade e dor, levando consigo o falso conforto das mentiras ilusórias que tão fragilmente os protegem, inclusive de si próprios.

Tem gente que vai embora porque não há mais interesse, amor ou afetividade. Tem gente que a vida nos tira à força, dolorosamente. Alguns, no entanto, saem porque preferem continuar a ser o que sempre foram, sem mudar o que nos incomoda, sem abrir mão de nada por nós. Que vá pela sombra quem for embora por comodismo, porque ninguém merece perder tempo com quem não ouve ninguém além de si próprio, com quem não sabe o que é amor ou amizade de fato. Fiquemos com quem dá as mãos com verdade, todos os dias. É assim que a gente segue.

*O título deste artigo baseia-se em uma citação de Walcyr Carrasco

Imagem: Tom Pumford




Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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