Bird Box é baseado no livro de Josh Malerman, que traz uma história pós apocalíptica onde seres misteriosos invadem a terra e provocam o suicídio de quem os veêm.

O filme tem como roteirista Eric Reisserer (A Chegada) e é dirigido por Susanne Bier (The Night Maneger). O filme ainda conta com um elenco de peso como Sandra Bullock, Sarah Paulson e John Malkovich.

Apesar de seu sucesso, Bird Box não foi bem aceito pela crítica de cinema, por conter um roteiro vazio e muitas perguntas em aberto. No entanto Bird Box é um filme que contém uma história contada nas entrelinhas que várias pessoas interpretam de maneira subjetiva.

Assisti ao filme inteiro analisando cada cena tentando perceber a mensagem por trás do roteiro. E com base na minha subjetividade construí uma analise que tornou o filme mais completo e incrível do que poderia ser.

Primeiramente, o filme inteiro é uma metáfora para a angústia da personagem principal, Malorie, em relação a maternidade. Assim, Bird Box é dividido em duas partes: a real, que explica o drama de Malorie, que se inicia do começo do filme até a cena na obstetrícia. E a imaginária, que compõe o restante do longa.

A parte real mostra a realidade da vida de Malorie e sua angustia. Ela vive sozinha e demonstra não querer contato com as pessoas, excluindo-se da vida social, não sai de casa nem pra fazer as compras.

Detalhes como a geladeira sem comida, a bagunça e o desleixo mostram que ela não está preparada para a chegada de uma criança.

Além disso, a personagem tem medo de não amar o bebê que pode ser representado através da pintura, que significa “inabilidade de conexão”, a qual a irmã de Malorie relaciona com o bebê. Já na obstetrícia, podemos ver a falta de interesse com relação a gravidez, então a médica lhe oferece uma alternativa: adoção.

Partindo para a parte imaginária, o rio é a maior metáfora do filme, pois representa o parto. A água, para alguns psicanalistas, representa a vida, por ser a fonte de tal, e nada mais conveniente do que usar a água para simbolizar o “dar a luz”.

As vendas, símbolo maior do filme representam a Má-fé, que para Sartre seria mentir pra si mesmo com o objetivo de não encarar a responsabilidade da liberdade (daí a simbologia dos pássaros, que representam a liberdade, presos em uma caixa).

Segundo Sartre, a má-fé “trata-se de mascarar uma verdade desagradável ou apresentar como verdade um erro agradável. A má-fé tem na aparência, portanto, a estrutura da mentira. Só que – e isso muda tudo – na má-fé, eu mesmo escondo a verdade de mim mesmo”. (O ser e o nada – Jean-Paul Sartre).

As criaturas representam o futuro, das quais Malorie tem um grande medo, sendo a fonte primária da sua ansiedade. As duas crianças representam o filho, que por ainda não se saber o sexo e nem nome do bebê, são dois de ambos os sexos e são chamados de garoto e garota.

Sem mais delongas, o parto, representado pela correnteza mais perigosa da travessia do rio, é antecedido por uma pausa no qual Malorie tem que fazer uma decisão: escolher qual dos filhos deverá sacrificar.

Essa cena simboliza a difícil escolha que ela tem que fazer: aborto/doação ou ter o filho e criá-lo. A escolha foi feita e então ela enfrenta o parto e consegue. A partir daí o drama envolve o “amar o filho” que é representada na floresta, enquanto enfrenta a criatura (que nesse momento passa de futuro para presente) e assume o filho quando pela primeira vez os chama de “meus filhos”.

Por fim, a última cena, representa a superação da angustia, onde Malorie solta os pássaros (liberdade) e nomeia os filhos (conexão/afeto).

Muitas vezes mentimos para nós mesmos e nos privamos de assumir a liberdade por medo da responsabilidade que ela pode trazer, mas como Malorie, nós podemos enfrentar os nossos medos e sair da zona de conforto para então perceber o quanto nós podemos ser incríveis e capazes de mudança.

(Autor: Davi Oliveira, estudante de Psicologia)




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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