Às vezes, não adianta praticar o esquecimento. Querendo ou não, somos causa e consequência dos nossos erros. As coisas que podemos mudar, mudamos. Mas certas atitudes não podem ser apagadas, e ficar tentando encontrar porquês é atestado de sofrimento.

Os sintomas variam da culpa até o constante movimento do lamento. Ficamos mergulhados em dias e noites, buscando explicações que não fazem o tempo voltar. Precisamos aceitar que nem sempre teremos respostas. Faz parte da vida encarar situações fora do nosso controle. Experimentar essa ausência de poder, ajuda no amadurecimento emocional. E como estamos afastados dele.

Quando nos deparamos com conflitos internos e arrependimentos, nutrimos o péssimo hábito de questionar tudo e todos. O que deveria ser uma reflexão sadia, como principal ação para seguirmos em frente, acaba se tornando um redemoinho de caos e tristezas. Erros acontecem. Ninguém está imune. Podemos mudar de ideia, podemos pedir desculpas e podemos prometer para nós um novo começo. E que o façamos. Mas, em nenhuma hipótese, podemos ou temos permissão para alterar o passado.

Em vez de concentrarmos esforços por uma reinvenção da história, talvez fosse mais justo abraçarmos o já passado e, a partir de novos ares e motivos, escrever novos capítulos das nossas histórias.

Ninguém é obrigado a ficar refém de uma angústia, de um pesar que mais atrapalha do que ajuda. Isso é nocivo e egoísta. Sair desse ciclo de absurdos exige força de vontade mas, principalmente, escolha. Mudança de comportamento, evolução de sentimento.

A gente precisa continuar vivendo. Mesmo que doa, a gente deve ter responsabilidade com o nosso querer. Do contrário, afundaremos, de novo e de novo, nos erros e despedidas mais injustos ao coração.

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Cidadão do mundo com raízes no Rio de Janeiro. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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