Ser muda e maquiada, não é humano, é fantástico! Sim, melhor se empanturrar de caras bonitinhas e prontas de falsidade, do que sofrer tripúdios ao dizer verdades. Melhor fingir que tudo está bem, do que borrar o makeup. Não é fácil tentar ser alheia, apagada, quando as atitudes gritam por justiça e sinceridade.

“Estou muda e maquiada” – Uma amiga comentava comigo na última reunião que tivemos. Para que falar com o vento e dar cara a tapa? Melhor mesmo é calar, passar um gloss, um rímel e fingir que tudo está bem. Melhor ser atriz do cinema mudo, do que tentar argumentar com quem não te ouve ou simplesmente te deixa no vácuo – como diz algumas pessoas.

Sim, melhor se empanturrar de caras bonitinhas e prontas de falsidade, do que sofrer tripúdios ao dizer verdades. Melhor fingir que tudo está bem, do que borrar o makeup. Não é fácil tentar ser alheia, apagada, quando as atitudes gritam por justiça e sinceridade. Não é fácil, é muito difícil, mas é melhor do que ter que discutir com pessoas que têm dois pesos e duas medidas, que são alienadas por sistemas e pontos de vistas fadados ao fracasso.

Então, minha amiga e colega de profissão decidiu ficar muda e maquiada, bem maquiada mesmo, quase uma máscara de Veneza. Não por omissão, entretanto porque o silêncio e a indiferença em algumas situações, podem expressar de fato muito mais do que palavras ao vento para nada.

Ser muda e maquiada, não é humano, é fantástico! Não é se abster da realidade, é não ser conivente com coisas erradas que não têm soluções, porque não depende da sua intervenção, mas sim da outra pessoa que não quer te escutar, te ajudar ou não está ligando para o que acontece. Então, a solução é: silenciosa e rosto aveludado de pó compacto.

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Muda e maquiada, é uma maravilha de atuação quando você não quer se enlouquecer com a ignorância e falta de atitudes do outro. É o melhor pancake para fingimentos. Nunca apreciei máscaras, porém uma boa maquiagem se faz necessário, às vezes, para esconder nossas insatisfações, tristezas e raivas. Não é dando a cara a tapa que aprendemos a lição, é mostrando a veludes da serenidade da verdade que intimida a outra pessoa, e muitas vezes as colocam nos seus devidos lugares.

Não é vingar, não é omitir, é apenas se vestir de outra atitude para mostrar que você não está satisfeito. Quem sabe, um batom vermelho seja o alarme para dizer: cuidado que eu te devoro! Ou um lápis preto no olho que pode dizer: estou de luto com você! Agora entendo porque pessoas além de maquiadas, se extrapolam nas cores, não é apenas para chamarem a atenção, é para frisarem que: você pode até me achar palhaço, mas não tem a coragem de andar por aí como eu!

E aquelas caras lavadas? – Como diz um amigo meu. – Não tem cor, nem brilho. Não tem sequer um gloss e um rímel. Essas se contentam com tudo, tem desânimo de enfrentar o mundo mesmo mudas e sem maquiagens.

Muda e maquiada! Aprendi mais uma lição! Depois daquela reunião em pleno sábado pela manhã, carrego uma necessaire de maquiagem básica dentro da minha bolsa, porque nunca se sabe quando vamos precisar de um makeup para disfarce. Fiquei mudinha da Silva quando a discussão ia acabar em pizza, pois estou de dieta e não quero engordar.




Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

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