Aprendi com os fracassos que com ou sem a minha voz o sol sempre nascerá. Então, percebi que não se trata de cantar para o sol nascer, mas de cantar porque ele nasce. Ou ficar em silêncio.

Todavia, se ficar em silêncio com o tempo nem mesmo eu sentirei minha presença. Então, o meu cantar não tem a ver com o sol. O meu cantar tem a ver comigo.

A vida é cheia de peripécias, sempre que achamos que a entendemos algo novo surge e trata de nos complicar. Sempre que achamos que a dominamos e que o mar ficará tranqüilo, novas tempestades tratam de vir e temos que nos esforçar para que o barco se mantenha firme.

Acreditamos que há algo a mais, o êxtase pelo qual vivemos, no entanto, parece que esse sonho sempre é destroçado como se fôssemos moribundos sem direito ao banquete.

Com tantas tormentas, um dia o barco não resiste, atinge alguma pedra e é destruído, restando apenas pedaços de madeira. Você fica à deriva, sem saber o que fazer. Paralisado diante de mais um fracasso, diante da imensidão de um oceano.

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Cheio de angústias, arrependimentos, tristezas e desesperança. Pragueja-se a vida, os homens e os deuses. Mas, com choro ou riso, o sol sempre nascerá e novos fracassos surgirão, porque estamos tentando.

Tentando navegar em um mar ressacado, procurando um lugar de serena felicidade. Então, não se trata de fracassar, mas de continuar tentando. Não se trata de não perceber que muitos esforços às vezes são em vão, mas de não deixar que a luz, a qual os poetas por vezes chamam de esperança se apague.

Aprendi com os fracassos que se deixar a luz se apagar, serei apenas esquecimento no fundo do mar. O que resta depois do naufrágio é pegar os pedaços de madeira e fazer uma jangada capaz de ultrapassar as tormentas de angústia e encontrar uma nova terra de felicidade.

É cantar sempre que uma aurora for anunciada para que o universo não se esqueça de que somos fortes e resistimos mesmo quando os prantos são indizíveis.

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Continuamos a navegar e a enfrentar os monstros marinhos, porque acreditamos que “O universo tem um destino de felicidade” e que enquanto sem tem vida, mesmo com feridas, mesmo em uma jangada, nunca paramos de sonhar. É porque sonhamos que navegamos, já que navegação só se faz com sonhos.

Aprendi com os fracassos que a beleza sempre supera a maior tristeza. Então, não se trata de não perceber os destroços do naufrágio lançados ao mar, mas de perceber a jangada e a lua espelhada nas águas. Os riscos da navegação sempre existirão e não adianta estudar um pouco mais de geografia, porque “Viver é navegar no mar alto”.

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Os fracassos destroem os sonhos, mas o mar sempre aponta para novas possibilidades e os sonhos sempre nos fazem navegar novamente. Somente viver, como já disseram, não é preciso. Navegar é preciso, acreditando no destino de felicidade do universo.

Aprendi com os fracassos que por mais dura que seja a tempestade, sempre haverá pedaços de madeira suficientes para construir uma nova jangada e que dos sonhos destruídos sempre resta uma brasa que mantém acesa a luz a que os poetas por vezes chamam de esperança, a qual nos ilumina e nos faz navegar.




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