Quando olho para o céu, vejo o firmamento repleto de estrelas, a lua, nobre e vibrante, em meio ao infinito breu me cumprimentar, percebo: mais um dia se foi…

Como foi vivê-lo?

Acordar é entrar em acordo com uma nova oportunidade de renascer após a pausa que a vida pede durante o sono.

Como renasci hoje? Posso ter aberto os olhos desanimado com mais um dia de tarefas que não quero realizar. Ou desencantado por mais um dia vivendo um momento de desemprego, de ócio, de depressão.

Posso também ter aberto os olhos ansioso por realizar o que amo! Ou porque hoje é minha folga, finalmente. Talvez porque hoje é meu dia de fazer exatamente aquilo que amo e não posso realizar nos outros dias. Ou também por simplesmente estar vivo e grato pelo dom da vida.

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Tantas formas diferentes de se renascer.

Acordei e me levantei. O dia prosseguiu. As tarefas se desenrolam em um dia feliz, monótono, triste ou surpreendente. A vida generosa vai me mostrando algo incrível. Não somente após acordar que há um renascimento. Mas a cada tarefa, a cada instante em que me surpreendo diante de um desejo, de um sonho, de um receio, de algo que vejo como um dever.

Uau, como me traz leveza perceber que sempre existe a chance de recomeçar, de reformular, a mim e a tudo relacionado à minha existência. Não me sinto mais no direito de dizer frases como “tudo está perdido” ou “o que posso fazer se as coisas são como são?”, pois sempre tenho um convite em minhas mãos me chamando a decidir, a (re)construir.

Agora aqui estou, diante da noite. Hora de olhar para trás, de ver se vivi exatamente como queria viver. Não?

Será que as circunstâncias não me permitiram e eu tive que mudar planos?

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Será que não acreditei ser possível o que eu queria e nem ao menos tentei?

Será que tive medo de conseguir o que almejava?

Percebo uma coisa: se as circunstâncias da vida realmente não me deixam realizar o que eu queria, certamente não sinto desânimo. Farei outros planos. Entendi que não é por aí o meu caminho. Tranquilo, farei outro. Minha esperança e meu ânimo são os sinais de que foi o melhor que eu poderia fazer.

Agora, se as circunstâncias não me permitem até o momento, e eu me desanimo, provavelmente eu poderia insistir um pouco mais. Se me sinto preso a um plano que não deu certo, por que não posso insistir? Posso sim, e deixar a vida me dizer se estou correto ou não em minhas esperanças.

Bom, agora o sono me chama. Se meu dia poderia ser melhor, ter mais a minha cara ou ser melhor construído por mim, amanhã terei uma nova oportunidade de vivenciar o que quero. Poderei corajosamente buscar isso. Pois sou capaz disso.

Sou isso: capacidade de escolha, de construção de mim mesmo, a cada momento, a cada presente que a vida me dá em forma de desafio.

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Mas agora escolho dormir. Escolho ser abraçado pelo luar e pela brisa. Como é bom ouvir o sussurro noturno que proclama em meus ouvidos os prenúncios de um novo amanhecer…

“Às vezes ouço passar o vento
E só de ouvir o vento passar,
Vale à pena ter nascido.

– Fernando Pessoa –

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Psicólogo, reside no Rio de Janeiro e é colunista do site Fãs da Psicanálise.

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