Tem muita mulher no mundo. Não sei exatamente quantas são para cada homem. Isto são apenas detalhes, porque ainda tem muitos casais que se encontram e quando não se encontram, reclamam a falta de um do outro. Tem pouco homem no mundo, e eles reclamam que estão sozinhos também. É a falta de envolvimento que está na moda.

Tenho amigas e colegas de trabalho lindas, independentes e sozinhas. Elas sentem faltam de companhia, outras querem relacionamentos e algumas sonham com vestido e buquê. É a realidade nua e crua ou velada, mas é. Algumas reclamam, comentam e outras prestam atenção. Sabe, não está fácil se relacionar, mas grudar em alguém por carência ou medo de ficar sozinha, pode ser perigoso.

Ficar sozinha não é fácil e pode ser tudo de bom. Eu levei anos para aceitar fins de semana sem ninguém em casa. Levei quase uma década para aceitar os momentos solitários nos feriados. Gastei inúmeras noites para perceber, que chegar em casa depois de um dia chato e estar sozinha, é melhor do que com alguém que tire a paz da gente. Eu aprendi a conviver comigo mesma, até encontrar alguém com contexto. Levou tempo, e nesses caminhos estranhos e de solidão, aprendi a gostar da minha companhia, do meu jeito de ser, dos meus costumes, dos meus hábitos e até mesmo dos meu defeitos.

Não é um alguém que vai dar aquela sensação de felicidade e paz, mas é estar bem consigo mesma, porque ser sozinha, pode ser mais feliz do que com alguém que não te respeita, que não te dá colo, que não te escuta, que te trata com distância e que te coloca em segundo plano. Se for para ficar com alguém, que seja no mínimo carinhoso, porque o que mais esperamos de um relacionamento é de abraços que abracem nossos sentimentos.

Ser solteira pode ser opção e pode não ser. Pode ser imposição própria ou acaso, circunstância ou momento. Seja o que for, só não pode pensar que seja estigma, falta de sorte, karma, falta de homem no mundo… pode ser e pode não ser. Temos visão borrada do que foge do normal. Mesmo conquistando nossos espaços, quando decidimos ser solteiras, ou que colocamos em nossa meta não ter filhos ou temos dinheiro suficiente que pagam nossas despesas e exageros, somos vistas como sozinhas.

Realmente, o mundo é machista. O mundo ainda acredita que mesmo tendo alguém que não vale um vintém, é melhor do que almoçar e deitar sozinha em paz todos os dias. Santa hipocrisia! Tudo bem! Eu ainda acredito que ser feliz de alguma forma, é melhor do que com alguém apenas por ter a tira-colo.

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Realmente somos felizes. Quem disse que para ser completa é preciso ter marido, filhos e aparelho de jantar completo? Tem muitas mulheres que seguem as tradições e são bem infelizes e tantas outras felizes de verdade.

Então, antes solteira e feliz do que com alguém que não sabe o significado de um abraço, um olhar que acalma e de um colo que acalanta.

São menos homens no mundo, é verdade. Mas, se aconchegar em alguém apenas para ter um porto-seguro, ou por carência, ou por medo de envelhecer sozinha, é pequeno demais. São menos pessoas querendo se envolver, é verdade. Mas muitos homens ainda procuram um amor como nós mulheres. Talvez o segredo esteja nas nossas exigências demais ou na pressa que move os dias.

Solteira com gosto, liberta, independente, charmosa, dona de si, de bem com a vida, isto tudo confronta ainda o universo masculino e, de certa forma, causa uma certa insegurança na sociedade que ainda está vivendo no século passado, quando as mulheres eram dona de casa, mãe e esposa.

Melhor sozinha nos fins de semana, nas festas de fim de ano, nas festas dos amigos ou da família, nos dias com gripe ou virose, nos momentos difíceis ou decisões importantes do que com alguém que não sabe compartilhar e doar, porque isso é solidão duplicada. Melhor sozinha do que com ele que mente como um anjo, te trai com classe ou te domina com discrição. Sozinha, sim! Triste? Nunca! E com alguém para te fazer sofrer, jamais.




Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

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