O medo é uma sensação natural.

A única forma de o ultrapassar é enfrentá-lo.

Normalmente quando você decide enfrentar o seu medo, percebe que afinal não era assim tão assustador quanto parecia.

Existem vários fatores que podem criar o medo e a maioria das pessoas não percebem que o medo em si é algo que é totalmente interno à sua própria mente.

Não é uma coisa real, concreta, você não pode apontar para algo e dizer: “Isso aí é o medo, cuidado ou você vai tropeçar nele”.

É um produto de reações produzidas pela nossa mente a determinados estímulos, é interno a nós mesmos, embora possa sentir-se de forma bastante real quando se sente no nosso corpo.

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A boa notícia é que, dado que é um subproduto das nossas reações às coisas, você tem um número de opções para lidar com ele ou até mesmo removê-lo totalmente.

Uma vez que você esteja ciente das causas, pode controlá-lo e trabalhar nele e, seguir a sua vida mais liberto e menos condicionado.

MEDO DO COMPROMETIMENTO

Este medo normalmente coincide com o perfeccionismo.

Muitas das vezes sentimos a necessidade de fazer a melhor decisão possível para continuar com a nossa vida. A nossa vida está em constante mudança e crescimento. Nós apenas conseguimos fazer a melhor decisão possível baseado no nosso atual conhecimento.

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Não existem decisões perfeitas, e muitas vezes nós temos a possibilidade de mudar a nossa decisão se percebermos que não está a funcionar como desejaríamos.

É exatamente deste processo que se alimenta a mudança e o crescimento de cada um de nós. As decisões estabelecem uma relação com o conhecimento que temos no momento e que enfrentamos em determinadas circunstâncias ou situações de vida.

É com os fatos que temos no momento que nos devemos comprometer com os comportamentos, atitudes ou decisões que tomamos.

O medo do comprometimento, inibe que possamos viver a vida tal qual ela é, cheia de opções e possibilidades que se comprovam ser eficazes, bem sucedidas ou felizes apenas se assumirmos e efetuarmos aquilo que julgamos ser necessário para atingir os resultados desejados.

Só à posterior conseguimos analisar aquilo que fizemos. Umas vezes sendo bem sucedidos, outras nem por isso. Mas tem sido com a tentativa e erro que toda a humanidade chegou ao ponto em que nos encontramos.

Dica: Vale sempre a pena tentar, porque tentar é viver arriscando aquilo que se teme.

MEDO DA REJEIÇÃO

Existe sempre a possibilidade de experimentarmos a rejeição dos outros, mas a dor resultante deste sentimento, será preferível à dor de se rejeitar a si mesmo de ser aceite pelos outros.

Poderá você ser sempre feliz vivendo a sua vida de acordo com as ideias dos outros, ou você irá sentir ressentimento e frustração deixando fugir a oportunidade de ser aceite pelo seu verdadeiro eu?

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Se você seguir o seu coração, você irá permitir a aproximação daqueles que lhe dão suporte e acreditam em si. A grande maioria daqueles que o rejeitam certamente não serão as melhores pessoas a escolher para ter na sua vida.

Manifeste o seu eu, expresse a sua forma de ser, assuma as sua posições e opiniões. As pessoas devem-nos a aceitar por aquilo que nós somos e como somos, isto evita a hipocrisia, evita uma vida de faz de conta, e potencia a autoestima e confiança, quer em nós quer na vida.

Dica: O medo da rejeição inibe a expressão daquilo que faz de nós pessoa únicas.

AGARRAR A VIDA

Por vezes o medo é tão incapacitante que julgamos poder morrer. Cresce em nós um pensamento de rejeição da coisa temida, afastamo-nos dela, esperando que um dia nasça em nós a coragem para lidar com o medo.

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Pela experiência que tenho de implementar programas de tratamento para problemas relacionados com os transtornos de ansiedade, a técnica mais eficaz para conseguir gerir e/ou erradicar os medos é através da exposição, mais concretamente através do enfrentamento daquilo que representa o medo.

É usual ouvir as pessoas com algum tipo de medo ou receio dizerem: “Eu farei isso mais tarde” Qual o problema de o realizarem agora mesmo?

Se você se encontra nessa situação, o que é que o impede de fazer a mais pequena coisa possível no sentido de enfrentar aquilo que teme, receia ou o aborrece? Você consegue fazer um telefonema, escrever uma carta, voltar ao curso à muito tempo em standby, ou simplesmente limpar alguns dos papeis que se foram acumulando na sua secretária?

Se você se propuser a fazer um pouco todos os dias, muito provavelmente você irá conseguir terminar ou resolver aquilo que queria. Se você não fizer nada, nunca irá ver a mudança.

Dica: Se vivermos a vida a afastarmo-nos da grande maioria dos obstáculos que encontramos, corremos o risco de nos afastarmos demasiado dos nossos objetivos. Foque-se no seu alvo e direcione esforços para guiar a seta da sua vida.

ESPERAR QUE O TEMPO RESOLVA AS COISAS POR NÓS

Algumas coisas da nossa vida resolvem-se com o passar do tempo, mas se isso se tornar uma regra pela qual nos orientamos, corremos o risco de ficarmos expostos às forças externas, as quais não temos qualquer tipo de controle.

Se estivermos passivamente à espera que as coisas na nossa vida mudem, caímos rapidamente numa situação de vitimização ou desapontamento.

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Uma atitude muito mais construtiva é adoptar um papel mais positivo e trabalhar nas coisas que pretendemos, nas coisas que estávamos à esperar que acontecessem por si só.

Deveremos tentar orientar as nossas ações no sentido de ficamos numa situação mais vantajosa e favorável.

Há quanto tempo está à espera que os seus comportamentos e atitudes autodestrutivas façam efeito por si só? Uma semana, um mês, um ano? Dez anos, vinte anos? Talvez seja agora o tempo de pedir ajuda ou de uma vez por todas se auto ajudar.

Dica: Com os recursos que existem atualmente, não será difícil encontrar alguma forma de ajuda, desde que se proponha a mudar e a aprender.

AS ARMADILHAS DA NEGAÇÃO

Uma das piores coisas que nos pode acontecer é recusarmos admitir os problemas que temos, enveredando por uma atitude autosabotadora.

Uma premissa para a mudança é a necessidade de admitirmos os nossos problemas ou situações incapacitantes, a negação pode manter-nos “paralisados” para sempre.

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Por vezes recusarmos admitir os nossos problemas e medos é um resultado do falso orgulho. Você tem dificuldade em admitir que está errado, que necessita enfrentar os seus problemas de frente? Se sim, talvez esteja na altura de perceber porquê.

Pondere procurar recolher feedback de uma fonte imparcial, como um conselheiro, ou um psicólogo, ou até um curso de desenvolvimento pessoal. O objetivo é identificar algumas áreas que necessita mudar e/ou enfrentar na sua vida.

Se a sua vida está a desmoronar-se, mas você finge que não está acontecendo nada, a isto chama-se negação.

É fácil negar a verdade quando temos uma visão em túnel e ignoramos o panorama geral. Ignorar as coisas nunca foi uma grande estratégia dado que não faz com que elas desapareçam.

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Uma das formas de identificar a intensidade do problema é tentar registar o grau de desconforto e de disfunção que causa no seu dia-a-dia.

O que é que deixou de fazer, o que é que evita, o que é que o deixa em pânico, desesperado, o que é que o deixa ansioso ao ponto do seu coração lhe saltar pela boca?

Numa escala de 0 a 10 quanto é que está a prejudicar o seu trabalho, o seu estudo, o seu relacionamento, a relação com os seus amigos e familiares, em que grau lhe afeta o seu bem-estar e a felicidade? Em que grau diminui a sua autoestima e autoconfiança?

Tente responder a este tipo de questões, é um exercício muito revelador, permitir-lhe-á perceber o grau de desconforto que as suas “negações” provocam na sua vida.

Ao olhar de frente para as sua negações fica mais perto de poder decidir colocar um ponto final na sua atitude paralisante e seguir em frente.

O MEDO DO FRACASSO

Algumas pessoas ficam humilhadas por não serem perfeitas. Eventualmente por terem experimentado a ridicularização ou terem sido humilhados pela derrota.

No caminho tumultuoso e sinuoso para a via do perfeccionismo, vai-se construindo a ideia que se não se tentar, não se pode falhar. Por vezes o medo de fracassar paralisa-nos na nossa trilha, mesmo antes de iniciarmos a corrida.

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O medo de falhar normalmente impede-nos de colocarmos todo o nosso esforço numa situação. O medo impede e evita que possamos viver a nossa vida em todo o seu esplendor. O fracasso é uma opção mas o medo não.

Dica: A única forma de falhar é desistir. Tudo o resto é uma experiência de aprendizagem.

O MEDO DE EXPRESSAR OS SENTIMENTOS

Não expressar os sentimentos funciona como uma panela de pressão, quanto mais tempo você mantiver a tampa fechada, maior é a pressão gerada.

Na verdade os sentimentos são impossíveis de conter, mais tarde ou mais cedo eles irão emergir e fazer-se sentir.

Talvez de uma forma não relacionada com a situação indutora, expressam-se nas mais variadas maneiras, como uma doença física, problemas de pele, obesidade, stress, ou incapacidade de lidar com situações exigentes.

Na verdade, você irá sempre arranjar uma maneira de expressar os seus sentimentos. Mantê-los engarrafados e sobre pressão irá sempre conduzi-los a efeitos secundários indesejáveis.

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Expressar as suas emoções de forma aberta e direta canaliza a energia de uma forma muito mais saudável, verificando-se ser funcional e adequado para o desenvolvimento de equilíbrio emocional.

“Sentir gratidão e não a expressar é como embrulhar um presente e não o entregar.” – William Arthur

O MEDO DO SUCESSO

Muitos de nós aprendemos que o sucesso é egoísta. Foi-nos dito vezes sem conta para não nos sentirmos “inchados” e “vaidosos”.

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O sucesso pode trazer louvor, atenção e notoriedade com a qual podemos não nos sentir confortáveis. O sucesso pode colocar-nos numa situação de liderança e de responsabilidade acrescida. Podemos ficar com a ideia que teremos de responder a mais questões e temos de nos expor frequentemente ou ter de falar para grupos de pessoas ou organizações. A expectativa dos outros pode crescer sobre nós, uma vez que mostrámos ser competentes.

Se todas estas situações nos causam incómodo e se apresentam como desagradáveis, inserem-se perfeitamente na componente do medo, olha-se para o sucesso tal qual uma fobia.

Uma forma de fugir a tudo isto é parar antes de podermos ser bem sucedidos. No entanto, este evitamento tem certamente um preço. Uma contínua falta de sucesso nas nossa vidas conduz-nos com toda a certeza para a depressão, desmotivação, sentimento de fracasso, letargia e impotência para lidar com grande parte das situações de vida.

Dica: Quando você não faz nada, sente-se oprimido e impotente. Mas quando você se envolve, tem o sentimento de esperança e realização, que emerge da consciência que tem de estar a trabalhar para melhorar as coisas na sua vida.

A NECESSIDADE DE ESTAR NO CONTROLE

A incerteza pode causar medo. Quando as coisas vão no sentido daquilo que queríamos, sentimo-nos seguros.

Na tentativa de evitar o medo, podemos cair na tentação de olhar para o mudo desejando que fique sempre na mesma. Por vezes ficamos paralisados em rotinas rígidas que nos impedem de crescer e ser flexíveis.

Podemos também ter tendência para insistir que os outros se conformem com as nossas ideias do que é certo e errado, e sentimo-nos ameaçados quando eles não o fazem.

Tentar criar um mundo totalmente “seguro” é como construir a nossa própria prisão. Mantêm-nos reféns do nosso próprio medo.

Muitas das desordens de ansiedade, como por exemplo o transtorno de pânico, emergem do fato de se ter medo de ter medo.

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Viver uma vida desta forma tornar-se totalmente incapacitante, vive-se em constante alerta sempre que algo não acontece como desejaríamos.

 “Aquele que reina dentro de si, as regras das paixões, desejos e medos, é mais do que um rei.” – John Milton

RESUMINDO

O medo pode ser controlado. Removê-lo do poder de afetá-lo é remover o próprio medo.

Ter a autoconfiança para ser capaz de lidar com os medos da sua vida irá ajudá-lo com outros acontecimentos também.

Identifique alguns do seus medos, olhe-os de frente, enfrente-os e recuse-se a que eles o controlem. Faça já hoje mesmo alguma coisa para que eles comecem a enfraquecer. Pense numa estratégia e coloque-a em ação. A sua vida tornar-se-à muito mais saborosa.

(Autor: Miguel Lucas – Psicólogo)
(Fonte: escolapsicologia.com )




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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