Pensei que nunca chegaria a esse ponto em minha vida. Quantas vezes imaginei o momento em que conseguiria seguir sem você por perto?! Muitas…

Mas a vida é como um baú cheio de roupas repetidas. A gente sempre insiste em vestir e revestir tudo aquilo que já fomos, usamos e fizemos. Eu te dei muitas chances na esperança de que você compreenderia meu desejo de eternizar seu nome em meu sobrenome. Mas você preferiu ser apenas um nome já escrito com lápis acalcado… Um rabisco qualquer que a gente apaga com uma borracha… Ficando apenas um resquício.

Às vezes, se não me cuido ainda consigo sentir o cheiro amadeirado da sua pele e as memórias do seu toque vem me perseguir. Mas isso já não me assusta mais; hoje elas apenas vem, mas se vão na mesma rapidez. Aprendi a lidar com as lembranças do que vivemos, lembranças do que um dia foi infinito. E nessa infinidade finita encontrei minha saída.

Fui deixando sua vida aos poucos, passo a passo, bem devagar, como uma criança que pela primeira vez experimenta a sensação de andar de bicicleta sem as rodinhas de apoio. Uma pedalada de cada vez, olhando longe… Eu pensei que antes de chegar ao outro lado da estrada você teria vindo me trazer de volta. Você não veio… E nem gritou por meu nome enquanto percebia a distância que estava se abrindo entre nós.

À noite, quando eu deitava na cama e percebia que aquele era mais um dia sem você, fiz em minha alma um caminho sem volta. Tracei uma linha onde primeiro soluçava, depois chorava, dormia triste, apenas dormia e por fim, já não me importava mais. Mas confesso: ria de mim mesma pensando que jamais chegaria tão longe.

Mas você me ajudou a chegar onde imaginei que jamais chegaria. Você foi a escada onde escalei degrau por degrau debaixo da chuva de sentimentos que atormentavam a minha mente. Após a subida, eu me dei conta de que meu lugar é no topo, vendo tudo com clareza, e não embaixo de pés que pisoteiam meu coração e me fazem pensar que mereço pouco.

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Ontem eu apaguei seu contato, e não, não o lembro de cabeça. Deixei de seguir suas redes sociais e por último, excluí tudo o que pode me levar a pensar no quanto foi difícil a minha subida. Prefiro agora apreciar a vista, e dizer a mim mesma que cada tropeção me fez mais forte e levou ao lugar onde estou.

Ontem eu apaguei seu contato, e se tratando de mim isso não significa ter apagado um número, mas sim deletado a vontade de falar. Aos poucos vou apagar também as marcas dos cortes profundos vindos de suas palavras ríspidas. Depois, vou apagar de mim essa insistência em fazer dar certo algo que se fosse para ser, simplesmente seria.

Então, espero que você apague o meu também caso ainda o tenha. Será melhor para nós dois. Para mim será ótimo seguir sem mágoas e tristezas. E para você, será excelente não ter de conviver com minha felicidade trazida por sua ausência.




Há quem diga que os olhos são a janela da alma, então, no meu caso, eles são uma janela bem grande e aberta. Amante das artes, do universo e das palavras, necessito de música para viver, dos astros e estrelas para pulsar e dos versos para existir. A publicidade me escolheu; por isso anuncio paz, promovo sorrisos e transmito intensidade. Sou colunista do Fãs da Psicanálise.

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