Lidar com a flexibilidade é um trabalho pesado para as pessoas que exigem que tudo esteja perfeito. Muito maior do que em outras pessoas, o sentimento de frustração é uma derrota para os perfeccionistas, o nível de exigência deles é altíssimo e qualquer deslize, por mais mínimo que seja, é a causa para sérios sentimentos de culpa e de fracasso.

Muitas vezes é preciso recorrer à terapia para conseguir entender o que motivou essa extrema exigência consigo, que muitas vezes também se vê no grau de exigência para com o outro. Abaixo, listamos quatro técnicas que podem lhe ajudar a lidar melhor com a ausência quase total de flexibilidade.

1- Tente brincar de “senhor (a) imperfeito”
Não queremos minimizar o seu conflito, mas sugerimos esse exercício de forma paulatina. Vamos supor que todas as manhãs você tenha que escolher uma camisa para trabalhar e algumas vezes troca 2 vezes de camisa até escolher uma que esteja com o colarinho perfeito. Sugiro que você coloque a primeira, não escolha uma segunda. Saia para trabalhar e comece a reparar na camisa de outras pessoas. Elas estão impecáveis? Isso muda a forma como trabalham ou como lhe tratam? Há alguma diferença no seu modo de trabalhar entre ontem (quando trocou várias vezes de camisa pela manhã) e hoje?

Não precisamos nos preocupar tanto com a aparência; as pessoas que nos amam nos aceitam com nossa camisa engomada ou não. Aquelas que não aceitam e nos criticam devem ficar longe da nossa vida. Embora você ache que precisa ter uma boa aparência para ser valorizada, na realidade é você mesma quem não se aprova. As pessoas nos valorizam pelo que somos; o problema está em você e não nos outros. Se você se aceita, os outros também o aceitarão. Cada um deve investigar em quais aspectos da sua vida está agindo com perfeccionismo e mudar de comportamento.

Se antes você não saía de casa se tudo não estivesse em ordem, agora saia; se usava maquiagem até para ir à praia, não use mais; se antes se escondia dos próprios vizinhos porque acreditava que não estava com uma boa aparência, agora vá falar com eles e aja naturalmente. Se escondia as fotos de que não gostava e escolhia as melhores para mostrar, agora mostre todas. O resultado pode ser muito bom. Permita-se deixar algumas coisas fora do lugar e verá que nada de mal vai acontecer.

2- Abrace os seus erros
Nada de ficar remoendo os seus erros e muito menos remoer os erros alheios. Exercite a paciência e a compaixão. Nem todos os dias precisam ser tão alinhados. Expressar seus sentimentos através de uma cor de roupa, da ausência de batom, da gravata com cores quentes, é um modo de demonstrar que você é gente e gente também erra.

Veja, há situações em que é possível voltar e pedir desculpas por um erro, mas há deslizes que podem passar despercebidos pois não causam mal algum. Aceite os seus erros como parte da vida, isso lhe trará serenidade. Repare também que as pessoas ficarão mais a vontade na sua companhia.

3- Troque o foco
Vamos focar nas qualidades? Enumere as qualidades daquela sua secretária que sempre marca dois compromissos para o mesmo horário. Faça uma listinha das tarefas domésticas que sua ajudante do lar que sempre deixa o fundinho do arroz queimar, melhor executa. Existem sentimentos e emoções que são mais importantes do que a busca pela perfeição.

4- Abra os olhos para o “todo” e não apenas para os “detalhes”
Cada coisinha ínfima parece um elefante! Assim é a visão do perfeccionista! Se observarmos atentamente, sempre haverá algo fora do lugar. Aprenda a olhar o todo; isso vai ajudar a eliminar o perfeccionismo. Como podemos olhar as coisas de um modo geral? Olhe o conteúdo principal e não os detalhes.

Por exemplo, imagine uma exposição de pintura. O ideal é apreciar a obra de arte como um todo, de longe, olhar a imagem de uma distância apropriada e apreciar o conteúdo da pintura. Nessa situação, um perfeccionista quer olhar e ver os detalhes da obra. Detalhes como excesso de tinta, alguma imperfeição na moldura, etc. Nada escapa ao seu olhar crítico. Dessa forma, perde-se o mais importante: apreciar o trabalho como um todo e entender a mensagem do artista.

Os detalhes não são importantes. Para eliminar o perfeccionismo, deixe de lado os pequenos detalhes e fixe-se na obra de arte. Não importa se a imagem tem algumas imperfeições, se a moldura tem alguns arranhões; o importante é apreciar a pintura.

Os perfeccionistas estão sempre insatisfeitos e aproveitam pouco a vida. Seu estado emocional negativo não permite olhar o essencial. Como dizia o pequeno príncipe, “O essencial é invisível aos olhos”.

Como disse Oscar Wilde: “Não é o perfeito, mas o imperfeito, que precisa de amor”.

(Imagem: Nonsap Visuals).



Desde que começou os estudos em Psicanálise e Psicoterapia, a jornalista, bacharel em Direito, mestre em Ciências Naturais pela Unicamp e doutoranda em Psicologia pela UCES Natthalia Paccola levanta uma premissa sobre a sua vida profissional: nunca aceitaria rótulos ou doutrinas acadêmicas. Mas é claro que sofre influências de vários pensadores. Sua grande fonte de inspiração como autoridade em levar Luz para o Bem através de mídias sociais, no entanto,  tem sido os seus próprios seguidores, cerca de 10 milhões que passam semanalmente pela sua Fanpage, Grupos, YouTube, Site, Instragram ou Twitter.

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