Provavelmente você já passou por algo parecido com sua amiga ou com um amigo seu. Eu já passei inúmeras vezes.

Não porque eu era a mais esperta, não! Até porque já me lasquei muitas vezes e, em algumas delas, também ignorei conselho dos amigos.

“Eu quis ajudá-la e ela não quis, preferiu não me ouvir e agora a vejo sofrer sem nada poder fazer…”

O que acontece é que quando estamos de fora do problema, estamos com a cabeça fria e nos tornamos espectadores racionais da situação ao qual não estamos ligados em nada pela emoção.

É um fato comprovado que a emoção nos cega tanto ao ponto de não termos noção dos atos que cometemos e, dessa forma, nos estrepamos constantemente sem entender como as coisas chegaram até aquele ponto e como não conseguimos mudar nadinha de nada da história bagunçada em que estamos vivendo.

Ok. Com a cabeça fria e ouvindo os desabafos dos amigos, você se dá conta que sua amiga se meteu numa grande roubada, que seu amigo está fazendo papel de idiota e daí você tenta dizer pra eles, só que estes preferem não te ouvir.

Numa dessas conversas com pessoas diversas que esbarram comigo por aí, uma me contou que a amiga estava em um relacionamento onde o marido a traía muitas vezes e, quando ela descobriu, ficou brava e depois de pouco tempo o perdoou.

Essa pessoa que me contou disse que a alertou muitas vezes dizendo que o marido continuaria traindo ela e que a situação não mudaria a menos que ela resolvesse mudar.

“_Sinto muito, amiga! É assim que escolhi viver. Eu amo esse homem e quero ficar com ele mesmo que ele me faça mal.”

Bom, pelo que me disseram, a situação não mudou. O marido continuou traindo a mulher e ela continuou com ele. Ah, mas você sabe exatamente do que estou falando porque, com certeza, conhece alguém desse jeito e que tenha agido igualzinho, não é?

Mas sabe o que é pior? É que você sofre por ver o que está na cara e por ver seu amigo/amiga se dar mal, sofrer, por escolha própria…

Está aí onde quero chegar: ESCOLHA DELE. ESCOLHA DELA. Compreende?

Me diz: do que adianta você se matar por dentro por alguém que não quer sua ajuda? Por alguém que você ama sim, eu sei, mas que, muitas vezes, tem plena consciência de que está no sofrimento e não quer sair? Vai tirá-lo da dor à força?

Pode até tentar, mas, quando o soltar, este irá depressa de volta para a fonte de todo seu sofrimento e você, ficará aí, bravejando que a pessoa não te ouve, que é teimosa e que você não consegue mais ajudar.

As pessoas têm suas escolhas. Sua amiga fez a escolha dela, seu amigo também. Mesmo que pareça que estão adormecidos pela loucura de um amor doentio, de uma relação falida, de uma tristeza que não cessa, ambos têm noção, uma mínima noção sequer, que são responsáveis pela situação em que se encontram e SOMENTE ELES podem sair do buraco que se enfiaram.

Não digo que você não possa ajudar, nada disso! Digo que quando a pessoa que você quer o bem não te ouve, não acredita que vive no limbo de suas próprias emoções, é impossível tentar ajudar.

Uma vez li que a pessoa precisa sofrer muito para que possa se cansar daquilo e resolver despertar. Sim, a dor desperta, faz acordar.

Quem se mantém em uma situação doentia sem querer sair, provavelmente está dormindo.

Não vê que o tempo passa e que ela merece mais do que ela vive no momento. Estão todos adormecidos perante o dilema em que vivem. Mas um dia, ah um dia… Eles acordarão! Todos eles! Se não por ouvir bons conselhos dos amigos, será por sofrer demais e se cansar de tudo. Daí serão felizes de novo.

Mas, enquanto isso, o que precisa entender é que você fez a sua parte, fez o que podia. Tentou como pôde e o outro não te ouviu. Não há mais o que fazer a não ser… retirar-se.

Não fique triste por isso e nem se sinta impotente ou um fracasso. É que, você sabe, as pessoas tem escolhas e elas arcam com as escolhas que fazem e não há nada que eu ou você podemos fazer.




Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor do amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.

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