Quem nunca teve recaídas? Quem nunca demonstrou a esperança de voltar a ser feliz em uma mensagem no meio da madrugada? Quem nunca achou que a solução para a dor que sentia ou para a alegria que queria viver fosse reatar a relação? É difícil terminar um relacionamento, mas mais difícil ainda é achar que as coisas só vão voltar a ficar bem ao recuperar o que se perdeu. Como se tudo fosse como antes. Como se bastasse voltar o relógio e os beijos. Ah, se os sentimentos fossem assim matemáticos…

Quando me lembro das minhas recaídas, às vezes sinto vergonha, às vezes penso que fiz o que deveria ter feito. Mas a gente nunca sabe se fez certo ou errado. Se perdeu um futuro lindo com a pessoa amada ou se criou um recomeço necessário para ser o que somos hoje. E sinto lhes dizer, meus caros, mas a vida é essa eterna dúvida. Não há muito segredo, além de ir errando, aprendendo, ouvindo e sendo humilde com os sentimentos.

Me lembro muito bem de uma namorada que tive uns bons anos atrás. Depois de eu ter terminado – sem desavenças –, perguntei se ela queria voltar, como se nada fosse. Ela, muito inteligente e amorosa, me disse com todo o carinho que tinha por mim: “Agora que estou me recuperando de tudo, você quer voltar? Você acha que é o certo a fazer?”. Naquele dia, com essa frase, aprendi várias coisas.

Acontece que quando a gente amadurece pensa mais antes de agir; aprende quão perigoso é brincar com os sentimentos dos outros – e com os nossos também. A gente sente responsabilidade pela felicidade alheia. Não se tira a esperança que as pessoas têm no amor. Não se rouba o amor-próprio de quem entregou seu coração. Não se faz miséria com as emoções dos outros. Recaída não é uma questão de amar ou não amar, mas de saber controlar o egoísmo e agir com respeito ao outro e à relação.

Talvez fosse importante percebermos que aquele amor que vivemos pode nunca voltar a ser o mesmo. Infelizmente a vida se desenha assim. A recaída é o coração querendo voltar para um passado que, infelizmente, nunca mais será igual. Às vezes ele pode ser melhor e nos surpreender, acontece, mas não é uma constante.

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Eu sei como dói. Sei como a solução parece óbvia e fácil. Mas repense, sinta, espere alguns dias. O impulso nem sempre é questão de coragem, mas de imaturidade. E, se a solução certa for voltar, que o retorno não esteja repleto de expectativas de dividir um amor eterno. Ninguém sabe o que você sente nem vai te entender. Por isso pouco divido minhas dúvidas – que só cabem a mim responder – com os meus amigos, eles não fazem ideia do que se passa aqui dentro. Eles não estão comigo nas noites em que fico só. O coração tem que ser ouvido, e a consciência precisa se mostrar compreensível. Com calma, inteligência e coração, a gente sempre sabe o que fazer – mesmo achando que não.

Não há verdades absolutas. Cada relação tem uma história. Mas acredito que exista sim um ponto comum entre todos os relacionamentos: que toda volta traga consigo o respeito. Que a gente não brinque com os outros nem deixemos que façam isso conosco. Que o retorno aconteça com um coração puro e com brilho nos olhos, e não na tentativa de apaziguar a dor do momento.

A verdade é que ninguém é bobo por sentir que fez o que deve. Bobo é quem tem medo de voltar por orgulho. Para querer retomar uma relação é importante ter humildade. Hoje, depois de vários cascudos da vida, eu prefiro ser feliz na humildade a ser triste no orgulho.

(Autor: Frederico Elboni)

(Fonte: eoh)

*Texto publicado com a autorização do administrador do site.




A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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