As redes sociais são hoje o que uma praça no centro da cidade pequena, foi pra outras gerações.

Uma distração, um ponto de encontro, uma maneira de dizer o que se pensa, saber o que os outros estão pensando, juntar-se aos iguais, sentir-se parte, entre outras coisas.

Ocorre que nas praças as pessoas de fato se encontravam, olhavam-se umas nas outras, abraçavam-se, beijavam-se, desejavam abraços e beijos que não eram dados. Pesquisas de centros médicos e psicológicos começam a dizer que, as redes sociais tem um alto poder de adoecimento, e que esse adoecimento já deixa rastro no mundo todo.

Estar viciado em redes sociais, via um smart fone que nos auxilie, não é uma novidade em termos da necessidades que as pessoas têm de se viciarem. Alguém me disse certa vez, que o corpo é um máquina de viciar-se, e a mente também, se não tomarmos cuidado.

A diferença de uma praça de outrora para as redes sociais de hoje, é o fato de que uma vida social que se expressa de forma preponderantemente nas redes é uma vida, em geral, marcada pela ausência de vínculos fortes. A rede, pela sua própria natureza, fala mais da liquefação dos laços, dos vínculos, das identidades compartilhadas de tempos passados, do que uma maneira mais saudável e forte de se relacionar.

Quando falamos em redes sociais, falamos em distanciamento, não em proximidade; falamos em militância, não em compromisso; falamos em aparência, não em profundidade; falamos da construção de uma sociedade onde ver é melhor que fazer, onde ouvir é melhor do que dividir.

A sociedade que tem como expressão máxima da sua identidade antropológica, perfis digitais sem conexão real com aquilo que realmente são ou fazem, mas aquilo que aparentam é uma sociedade em processo acelerado de corrosão.

É claro que não estou propondo aqui a renúncia às redes sociais, seria mais ou menos como propor, que a sociedade do fim do século XIX renunciasse a energia elétrica em suas casas. Mas a ninguém, minimamente esclarecido sobre tais questões, escapa o fato, de que a energia elétrica mudou a maneira de viver da sociedade ocidental numa ordem de grandeza espetacular.

A energia elétrica possibilitou o fim definitivo da vida rural, o fim da intimidade familiar, assim como a internet e as redes sociais, suas filhas, vão tornar a solidão e o vazio existencial uma forma de vida generalizada.

O comportamento passivo diante de um smart fone, a ausência física e mental que o habito de viver nas redes promove; o engrandecimento da tolice, da tagarelice digital e da estupidez serão cada vez mais a marca dos tempos.

Alguém pode dizer, “mas o homem pode criar uma nova sociedade sem pobreza nem exploração”, talvez. Mas dado o histórico do homem e suas digitais sobre o mundo, creio que ele não consiga superar-se a si mesmo em direção há algo que o redima.

Já são inúmeras as produções cientificas de TV e cinema nos alertando sobre o que já estamos vivendo. Black Mirror é a mais conhecida delas.

O problema da sociedade moderna é sua profunda paixão pela razão tecnicista; sua paixão pela ferramenta. Onde a técnica predomina, morre o amor.




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