Acordo todos os dias muito cedo e tenho hábito de ficar olhando para o teto. Às vezes, penso na agenda do dia, no que está pendente e em algumas cenas patéticas da vida.

Hoje, me deparei com o pensamento no passado e de lá revi algumas cenas ridículas. Eu sou uma pessoa ciumenta, mas não sou possessiva.

Levantei da cama pensando nas cenas que já fiz por causa de ciúme, porque sempre temos uma história que não esquecemos.

Aquele ciúme estranho, que aparece do nada, que cisma com a colega de trabalho, com um nome mencionado com entusiasmo demais, com ligações diárias de alguém que não conhecemos, é normal ou premonição.

Não cismamos porque queremos, mas porque nos incomoda e soa estranhamento. Talvez seja paranoia ou aquele sexto sentido gritando dentro de nós: aí tem!

Não temos ciúmes porque é bom de sentir ou porque queremos brigar com quem amamos. Temos ciúmes porque nos causa desconforto, porque é sem vergonha ou tem cheiro de encrenca no ar.

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Existem ciúmes… Tem aquele ciúme comum, que um dos dois vira para o lado e sem querer encara alguém e começa aquela briga boba para nada.

Ninguém é dono de ninguém, mas tem gente que trata o outro como propriedade. Onde tem possessão demais, tem loucura, exagero e ignorância. Ninguém é feliz por ter um dono ou um relacionamento ditador.

Quando um relacionamento fica entre o ciúme e a possessão, fica decretado que não foram feitos um para o outro. Um pouco de ciúme até é bom, dá aquela sensação de importância e cuidado, mas quando ultrapassa, pode sufocar, irritar e matar aos poucos o relacionamento.

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Tem gente que bate no peito, afirma com todas as letras que não tem ciúme, que ciúme é um sentimento para quem é inseguro e imaturo. Pode ser, mas o amor também precisa de um tiquinho de ciúme para sentir a importância que um tem para o outro.

No amor, qualquer sentimento medido faz bem, mesmo que seja ciúme, mas quando passa do limite enjoa, enoja e mela. Grude demais também irrita, sufoca e tira a liberdade.

Tudo que é demais, enlouquece, estremece e endurece. Ponderação, este é o segredo e o equilíbrio para que duas pessoas possam se amar sem medir.

É impossível não sentir ciúme de quem amamos. Temos ciúmes dos filhos, dos pais, dos irmãos, dos amigos, porque quando queremos muito bem alguém ou amamos, não tem como evitar esse sentimento.

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Ciúme é apenas um detalhe no relacionamento e pode ser a ruína, quando não se tem medida.

Tudo que passa do limite, entorna e faz estardalhaço, mas quando duas pessoas se amam, o ciúme mesmo que desnecessário vira detalhe e depois daquela briguinha boba, logo tem um beijo para selar cumplicidade.




Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

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