“A opinião pública é uma tirana débil, se comparada à opinião que temos de nós mesmos”.
(Thoreau)

Para cada ação, milhões de juízes.

A expressão de opiniões parece ter pulado a cerca do bom senso; ou as redes sociais trouxeram isso à tona, ou libertaram de vez o “direito a inquisidor” de cada um de nós.

Outro dia me peguei adivinhando os “donos das postagens” no Facebook, apenas pela postagem em si, consegui isso dez vezes seguidas e fiquei meio perplexa. As coisas têm se tornado obvias demais. As pessoas têm sido previsíveis e se me permitem, pouco pensantes.

Culpa de quem?

Pronto, agora posso começar o meu texto!

Já se perguntou o que a “culpa” tem feito na sua vida?

Pois eu respondo:

-Um estrago!

Vivo rezando “…mas livrai-me da autocrítica, amém”.

Por quê? Porque estamos todos presos em um círculo vicioso na busca de culpados para tudo, enquanto que, dialeticamente vivemos paralisados, feito estátuas catatônicas, adoecendo simplesmente por errar, e ao errar, enfrentar a aterrorizante pergunta:

“O que os outros vão pensar, dizer, achar?”

Julgamos, culpamos e condenamos sem dó, enquanto morremos de medo por achar ou saber que farão o mesmo conosco.

Criamos a prisão perfeita para nós mesmos. Se Deus castiga, imagina o vizinho da frente? O colega de trabalho? O “irmão” da igreja?

Olhares retalhadores, com poder de provocar dor, medo, angústia e “morte”. Fuxicos, acusações e penas implacáveis.

Somos lobos em pele de cordeiro, inimigos em papel de amigos, falando nisso:

-Quer saber quem são seus amigos?

-Cometa um erro!

…pois a maioria irá te responsabilizar de alguma forma, irá ter pena talvez, e se afastar.

Leia Mais: Se a intenção foi positiva, liberte-se da culpa!

Ser humano não sabe lidar com frustração, nem com nada que tenha dado errado. Quando isso acontece, corre para encontrar um culpado, e então fica em paz, achando-se seguro.

Querem ver?

-Fulano está com câncer.

-Ah, mas ele fumava, (ou bebia, ou foi uma pessoa ruim…).

-Meu amigo bateu o carro!

-Ah não presta atenção no transito (ou corre demais, ou andava distraído…).

-Pai, minha amiga brigou comigo.

-Alguma coisa errada você fez!

-Meu irmão perdeu o emprego.

-É inveja, é muita inveja…

-O meu filho não dormiu bem à noite.

-Botaram “quebrante” nele.

Maravilha! Explicações encontradas… E SÓ! Já experimentaram parar de dar respostas confortáveis e perguntar o que podem fazer para ajudar?

Culpa nunca foi cura, nem muito menos solução para nada nessa vida, nem sei se ajuda em algo, pois já temos nosso próprio superego para fazer o “trabalho sujo”. Ando me deparando com gente que viciou tanto em julgar e condenar os outros que perdeu a noção de si mesmo, do mal que propaga, aos outros e a si próprio.

Vamos julgar menos o peso, as roupas, o carro, a religião, a opção sexual, a forma de viver dos outros, afinal de contas, somos todos livres e vivendo numa sucessão de ensaios e erros. Ninguém tem a fórmula. Ninguém sabe o que está do lado de lá.

O mundo é um pouco mais do que enxergamos por nossa janela (real ou virtual) e, cá entre nós, a sua opinião é só a sua opinião, e essa minha que você lê agora também.

Me diz: Onde e quando nos deram o direito de julgar alguém?

É tão bom ter amigos, é tão bom ter com quem contar. Melhor ainda é ser você mesmo e saber que o afeto pode ser propagado sem culpa. É bom saber que sua família te ama, independente do que você seja e de quais sejam as suas escolhas.

Enquanto postam o tal “dance como se ninguém estivesse olhando”, lembre-se de não olharem a forma como os outros dançam. Amem, incondicionalmente. Respeitem, para que possam ser respeitados. Libertem-se para serem libertados…

(Imagem: Adi Goldstein)




Psicóloga, psicoterapeuta, especialista em comportamento humano. Escritora. Apaixonada por gente. Amante da música e da literatura. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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