As pessoas confundem estar solteira com estar carente ou estar sozinha. Acham que todo mundo que não está em um relacionamento necessariamente sente falta de ter alguém. Às vezes, precisamos de um tempo a sós, um tempo para rever nossas prioridades, nossos planos.

Como posso querer entrar em um relacionamento desacreditando tanto do amor desse jeito? Como posso querer alguém ao meu lado, se estou cansada de olhar ao meu redor e de ver relacionamentos fracassados por falta de fidelidade, pessoas trocando joias por bijuterias, trocando um amor de verdade por uma atração fajuta? Como eu posso pensar em entrar em um relacionamento, vendo tanta gente machucada por esse legado do “amor”? Acreditando que amar é necessariamente sofrer?

Vejo tanta gente sendo enganada, corações sendo destruídos sem dó, que, às vezes, não ter ninguém é uma forma de se defender dos possíveis machucados. Vejo tanta gente confundindo amor com apego, desistindo do amor por qualquer coisa e trocando gente de valor por gente que não valoriza, que acreditar em compromissos tem se tornado cada vez mais difícil.

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Eu sei, eu posso não ter nada a ver com isso, mas eu já fui atingida por mentiras e meu coração já foi alvo de enganos, me deixando em pedaços e eu me recompus. Não foi fácil, acredite. Levei fama de durona, como a tal coração de pedra, e diziam que eu escolhia demais.

Mas ninguém conseguiu ver a dor que estava por detrás de tudo isso, ninguém viu o coração que, embora pulsasse, estava quebrado, tentando se recompor, a passos lentos, daquelas promessas falidas.

Ninguém entendia que esse lance de não querer ninguém era uma forma de me defender da dor e que, depois de um tempo, não querer me envolver era uma forma de não me decepcionar, o que, por sinal, funcionava muito bem. Não é fácil ter um coração quebrado, assim como não é fácil se recompor.

Tem dias em que a dor faz morada e joga a chave fora, não conseguimos sair e ficamos enclausurados no nosso passado. Tem dias em que você chora sozinho e tem medo de não conseguir viver nunca uma história dessas bonitas que vemos por aí. Dessas histórias em que tem respeito, que tem amor, que tem paciência e lealdade e que a gente acaba achando ser apenas histórias, distantes da nossa realidade.

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Eu não posso curar a minha dor machucando outra pessoa, não posso tornar isso um ciclo vicioso de tentar, tentar, machucar e reparar o erro.

Depois que me permiti viver esse tempo, buscando sugar tudo o que há de melhor, estou melhor. Venho lendo livros novos, descobrindo umas séries incríveis, novas aptidões, vendo o quanto eu sou forte e capaz de alcançar os meus sonhos e como a caminhada até o sucesso é longa.

Não estar com alguém por medo de ficar só ou por carência, é a prova de que amadureci. Então, não me peça para aceitar qualquer coisa, ou para me entregar ao primeiro abraço. Cansei de ser guiada pelo coração, cansei de me deixar levar pela aparência, não quero mais viver uma mentira e sofrer as consequências dos meus enganos. Eu não quero um amor raso, dessa vez eu quero mergulhar. E sim, enquanto eu não sentir que posso dar um passo à frente, eu vou permanecer aqui, como estou.

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Primeiro, eu preciso conhecer a mim, antes de conhecer alguém. Segundo, eu preciso estar inteira, pois não posso ser metade. Terceiro, eu preciso estar segura para, depois, poder confiar em alguém.

Sabe quando aquele vendedor passa e você diz: “Hoje, não, obrigada?!”. Quando me falam de relacionamento, eu digo o mesmo: “Hoje, não, obrigada! Mas, se você quiser, volte amanhã”.

Não há nenhum erro em não ter ninguém, mas há todo erro do mundo em ter alguém só para preencher o vazio, só para matar a carência. E se for para viver uma história de erros, eu prefiro viver a minha assim, porque estar solteira e feliz me ensinou a ser mais exigente.




Estudante de psicologia, 22, é aquela que escuta mil vezes a mesma música e tem a risada escandalosa. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito catupiry, mesmo sendo intolerante a lactose. Encontra paz na oração e vê amor nos pequenos detalhes.

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