Ah, se eu soubesse metade do que aprendi nesses anos todos quando tinha vinte, trinta anos.

Nunca me arrependi do que vivi, das atitudes certas e erradas que precisei optar, mas pensar que pequenos detalhes poderiam ter me dado mais risos e menos dores, mais amores e desgostos…

Aos vinte anos vivemos aquela fase donzela, boa moça, guardamos recatos e também damos vexame. Aos trinta anos vivemos mais intenso, sem muitas preocupações, mas ainda com dedos demais para algumas situações.

Hoje, percebo que perdi tempo demais por não ter sido mais prática e menos dramática.

Leia mais: Se arrependimento matasse…

Quantas vezes, naquela época, eu deixei de viver de fato, para ser mais sensata e mais sonhadora. Quando penso que poderia ter ousado mais, ter falado menos e ter sido menos passiva.

O que eu deveria ter feito… Deveria ter compartilhado mais meus sentimentos, ter beijado mais intenso sem a preocupação do depois. Deveria ter dito para as pessoas o quanto elas eram importantes para mim naquela época. Deveria ter sido mais dona de mim do que das opiniões alheias.

Deveria ter usado mais batom vermelho, mais mini-saias e shorts curtinhos. Deveria ter tido menos vergonha das imperfeições do meu corpo, do meu seio pequeno e dos meus quadris avantajados. Deveria não ter engolido aquelas dores da separação, porque sentimento foi feito para doer também. Deveria ter tido mais um ou dois filhos.

Deveria ter gastado mais tempo com a família ao invés de ter me ausentado muito. Deveria ter tirado mais fotos com caras, bocas e pancakes. Deveria ter sido menos boazinha em algumas situações para ser eu mesma como sou agora.

Não me arrependo de nada, mas eu poderia de certa forma ter sido mais eu, ter me preocupado menos com o que as pessoas pudessem pensar, achar ou falar de mim.

Leia mais: Como definir maturidade emocional?

Eu deveria tantas coisas que hoje eu sinto falta ou que não aconteceram de acordo com aquele tempo. Não é arrependimento, é amadurecimento, é certeza que a maturidade nos molda para melhor, sempre.

Como fui ingênua em não mostrar quem eu realmente era. Eu era uma mocinha baixinha, cheia de pudor e recato. Eu gostava de namorar sério, sempre. Eu tinha vergonha do meu cabelo sarará. Eu não tinha complexos por ser baixinha demais ou ter pé de criança, mas eu não me achava bonita.

Hoje, me acho linda de viver – me desculpem por tanta autoestima – é que aprendi que amor próprio sara as feridas e acalma o que não nos completa.

Se você se encontra cheia de neuras, com aqueles pensamentos de complexo de alguma coisa, que não se acha linda ou maravilhosa, é hora de começar a se despir e ir refazer as partes do que precisa ser modificado e melhorado, porque sempre há tempo quando mudar se faz necessário.

Aprecie mais os dias, preste atenção nas paisagens e nas cores do céu todos os dias. Invente tempo para seus amigos. Encontre sempre as pessoas que você ama. Seja mais tolerante e menos pessimista. Encare os problemas com mais positividade.

A TPM é melhor do que a Menopausa, então reclame menos do mau humor, das cólicas e daquelas sensações de vazios, porque depois dos quarenta, todos os sintomas hormonais podem ser mais intensos. Ao invés de dar uma desculpa, diga a verdade. Seja mais grata e menos cheio de frescurinhas.

Leia mais: Uma Mulher de atitude não é para qualquer um!

Não se acomode em alguém, porque é melhor evitar um divórcio futuro. Amor não tem nada a ver com excesso de ciúmes, brigas e competições.

Não permita que brinquem com os seus sentimentos e façam das suas lágrimas apenas um detalhe, pois quem te ama, vai respeitar suas dores também. Não desperdice tempo com quem quer apenas brincar de relacionamento.

Pare de se autoculpar por não ter sucesso com homens, nem sempre um alguém é quem vai te libertar ou te fazer feliz, porque quem pode te entender melhor, é você mesma.

Não se apegue em coisas mínimas, muito menos em superficialidades, agarre pessoas que te queiram bem. Aproveite a companhia da família, vá ao cinema sozinha, se permita despentear, porque simplicidade e aconchego fazem bem para a alma.

Não meça suas tristezas, seus choros e muito menos os amores, porque são lições e histórias para uma vida toda.

Beba menos, durma mais e faça alguma atividade física, porque depois dos quarenta o corpo começa a dar sinais, e você terá a certeza que aquelas tardes que você poderia ter caminhado, te aliviariam os joelhos e a lombar.

Leia mais: Aprendi a ser feliz À minha maneira, e não como querem os demais

A gente só aprende quando vemos belezas em cada ano vivido, quando fazemos de cada década um celebrar diário.

A gente só entende que deveria ter feito de alguns detalhes a diferença, quando percebemos que a vida é um piscar de olhos e que fomos feitos para viver intensidades. Ainda dá tempo de reaproveitar cada momento.




Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui