Para esquecer um grande amor é preciso partir. Se tiver chance de viajar, ótimo. Se não tiver, a solução é partir de você mesmo e voltar com outro ponto de vista.

Trocar os móveis de lugar, comprar umas roupas novas, dormir do lado contrário da cama, entrar numa aula de desenho ou de violão. Acordar cedo e tomar água de coco sentada na areia de praia. É preciso sair da rotina.

Semana 1 – Hora de sofrer tudo que você tem pra sofrer

Uma vontade de ficar deitada na cama (de preferência, no escuro) percorre meu corpo todo. Só quero chorar, porque a vida parece inútil. Nada faz sentido mais. Drama, drama, drama.

Nesta semana eu vou me permitir sentir tristeza. Eu mereço passar por esse luto. Minhas amigas me chamam pra sair, mas eu não quero. Não quero fazer nada. Só tem gente idiota na rua, não quero conhecer ninguém novo. Ninguém é como ele. Nunca mais vou amar. Eu odeio o amor.

Levanto da cama pra ver Diário de uma Paixão com uma panela de brigadeiro na mão. Nem me dei o trabalho de passar pra uma tigela. Dane-se. Compro uma Coca-Cola e pipoca. Esse programa parece perfeito até todos os personagens começarem a me lembrar dele. Começo a fazer associações na nossa história com a história do filme, por mais que não tenha NADA a ver. A imaginação humana é mesmo uma coisa fantástica.

Chega uma amiga em casa falando que eu não posso ficar assim. Ele não me merece. Ninguém me merece. Eu sou um trapo. Até que ela fala uma cosia que ninguém mais me falou. Essa é a hora de curtir minha bad. Ficar no fundo do poço mesmo. Nenhum sentimento se desperdiça, nem mesmo os piores. Sofre, mas você tem uma semana pra lavar esse rosto e sair pra ver o dia lindo que faz lá fora. Choro de novo.

Passo uma semana sem forças. Produção no trabalho cai pra 0. Não posso ser demitida por causa de homem. Não posso. Preciso sair pra tomar uma cerveja.

Saio. Minha amiga leva uma amiga do trabalho. Passo a noite inteira falando sobre como a gente se conheceu e como é inacreditável a gente ter acabado. Todo mundo falava que a gente combinava. Eu realmente achava que a gente ia se casar.

Todo mundo acha isso. É legal querer ficar com alguém pra sempre, mas a gente não precisa apostar todas as fichas nisso. A gente tem que apostar as fichas em vários partes da vida, pra nunca ficar sem nada.

A amiga da minha amiga tá de saco cheio de me ouvir falar, mas tá sem graça de parar de ouvir. Ela já passou por isso, ela disse. Deve estar achando tudo um drama sem fim. E é mesmo. Mas esse é o meu momento de sofrer. Me-deixa-em-paz.

Semana 2 – Hora de viajar, sair da rotina, mudar a casa, mudar o pensamento

Despertador toca e parece que tudo foi um sonho, mas logo todos os pensamentos começam a voltar e tudo vai ficando real. Foi tudo real. Começo a chorar, mas não posso me atrasar de novo pro trabalho. Saí o fim de semana todo, mas um dia voltei pra casa bêbada e chorando, no outro fiquei bêbada de novo e peguei um cara que não tinha nada a ver, e ontem fiquei num bar só com os amigos chatos da minha amiga e ainda tô de ressaca.

Acordo zonza. Vou sem maquiagem mesmo. Não, minha cara tá dando pena, vou passar pelo menos um blush. Eu sabia que não era pra inventar de sair. Era pra curtir o luto. Mas como já disse Danuza Leão, nunca, nem no auge das minhas paixões eu ficava em casa. Se estava sofrendo, sofria, mas na rua. A rua é lugar onde tudo pode acontecer. Inclusive ele aparecer me pedindo pra voltar.

Não. Esse fim de semana eu vou viajar. Eu preciso sair daqui. Ligo pra meus amigos e combinamos de ir pra uma cidade perto. A segunda etapa pra esquecer é viajar. Mesmo que seja ali pra esquina. Mas é preciso passar uns dias fazendo algo que você não fazia antes.

Na viagem parece tudo mais distante. Aquele peso todo já saiu um pouco, apesar da tristeza ainda estar instalada por todos os meus poros. Eu não consigo mais morrer de rir de nada. Até que alguma coisa seja realmente muito engraça e eu esqueça por um instante tudo isso. Mas o pensando fica me puxando pra baixo.

Nessa hora é preciso ter bons amigos que te façam rir de nada.

Sair da zona de conforto faz com que você pense no que precisa resolver e acaba deixando o pensando ruim muito de lado. Tenho que produzir alguma coisa. Tenho que tirar minha mente do estado confortável em que ela se encontra.

A gente é muito louco e acaba encontrando conforto na dor e pra sair disso é preciso ter força de vontade pra tirar o pensamento dali. Não adianta questionar o que poderia ter sido, mas onde foi que eu errei?

Um amigo da viagem falou uma coisa que eu não vou me esquecer. Ele disse que o amor só existe com a esperança. Enquanto existe um fio de esperança na gente, não tem como esquecer. Ainda existe uma esperança, no fundo, de que ele vai voltar e eu não quero deixar o sentimento ir embora. Eu queria que ele viesse até aqui dizer que tudo acabou pra sempre, mas eu sou a única que pode fazer isso morrer em mim.

Semana 3 – Hora de fazer atividades novas e se arriscar

Decidi que não vou mais ficar com ninguém por agora. Porque óbvio que eu sinto falta de sexo, mas toda vez que eu tento me aventurar pra “esquecer”, é só ele que vem na minha mente. Então, esquece. Não dá pra ficar me enganando. Eu não quero mais ninguém. Quando chegar a hora, eu vou saber.

Não vai ser forçado. Cansei de gente querendo me apresentar gente. Eu quero ficar em paz. Eu preciso esquecer e forçar a barra só atrapalha tudo, porque eu sempre chego em casa chapada, chorando e querendo comer a geladeira inteira. Depois eu quero dormir. Pra sempre.

Eu decidi dar um ponto final e sei que pra isso eu preciso parar de fazer drama. Mas é tão difícil se acostumar com essa vida vazia. E já que está tão vazia, nessa etapa eu vou aproveitar pra fazer tudo que eu ainda não fiz.

Vou entrar numa aula de Francês. Sempre quis aprender Francês. Vai ser bom pra ocupar minha mente. Ou eu podia entrar numa aula de teatro, violão. Eu vou inventar uma vida nova, já que essa tá chata demais. No mesmo dia, faço minha matrícula no Francês e peço indicação de um professor de violão. Será que também dá tempo de fazer aula de pintura?

Ocupo minha cabeça procurando atividades novas pra fazer em vez de assistir mais um episódio de Girls. Durmo com uma faísca de ansiedade se acendendo.

Acordo no outro dia colocando “You get what you give” e aceito essas palavras tipo um presente. I got the music in me. Arrumo a cama, coloco um tênis e saio pra passear pela rua ouvindo as músicas novas que eu baixei. Eu bem que devia começar a malhar direito…

Chego no trabalho uns 10 minutos mais cedo do que o habitual e me dedico 100% naquilo que eu tô fazendo. Eu escolhi esse trabalho, e, apesar de ser um saco muitas vezes, o tempo passa mais rápido quando a gente foca. Nas últimas semanas eu não rendi absolutamente nada e preciso correr atrás do prejuízo. Já não basta ficar sem namorado, não rola de ficar sem emprego. Nessas horas a gente tira forças sei lá de onde, mas a vida continua.

Saio do trabalho e vou ao cinema com uma amiga. Quero um filme que me faça pensar e me tirar da vida. Chego em casa tarde e volto a pensar que a vida não tem sentido nenhum. Recaída braba. Nessa etapa a gente cria forças, mas tropeça constantemente nas lembranças. Começo a ver fotos antigas.

Pra quê? Vou deletar tudo. Prevejo minha vida daqui a uns 5 anos e penso no quanto eu gostaria de ter essas fotos de volta e rir desse sofrimento todo. Desligo o celular, e tento, sem resultado, cair num sono profundo. Acordo várias vezes e caio no choro. Esse vazio não passa.

Acordo com muito sono, sem vontade de fazer nada, falar com ninguém. Mas eu preciso continuar firme. Coloco uma música nova, arrumo a cama e coloco minha melhor roupa. Me sinto melhor. Hoje eu vou sair linda e não quero nem saber. Vou usar batom vermelho de dia, sim.

Começo as atividades novas e me esqueço dele durante o tempo todo em que estou nelas. É engraçado, mas fazer coisas novas ajudam, porque eu nunca fiz nenhuma dessas atividades com ele.

Aprender alguma nova me dá vontade de viver cada vez mais, pra aprender cada vez mais e uma onda de felicidade bate, depois de dias sem sentir nada. Descobrir que o sentido da vida é aprender coisas novas. Quero aprender alguma coisa nova todos os dias.

Semana 4 – Hora de encarar o tal grande amor, ou ex grande amor, no caso

Comecei o Francês, mas todo mundo da minha turma é meio esquisito. Eu não me importo, porque descobri que tenho mais facilidade com línguas do que eu imaginava, e meu professor já elogiou duas vezes meu desempenho. A aula de violão tem me deixado bastante estressada porque não consigo tocar nenhuma música ainda, mas é tão bom se estressar com outra coisa que não seja homem.

Me sinto bem comigo mesma. Ainda sinto saudade, mas a dor está indo embora aos poucos. Me forço a fazer uma coisa diferente todos os dias. Estou fazendo tudo que eu realmente quero e descobri um prazer imenso em ficar sozinha. Pensando. Penso no passado, mas tenho pensado muito no futuro, nas coisas que eu quero fazer, no que eu quero investir. Comecei a pesquisar umas bolsas de mestrado fora e uma amiga já topou em ir comigo pra França.

Sinto que ainda preciso me segurar em alguma esperança do futuro, criar novos sonhos. Compro flores aqui pra casa todo dia agora. Elas me enchem de alegria.

Algumas pessoas descobrem que eu terminei e começam a vir falar comigo como quem não quer nada. Dou bola só pra aumentar minha auto-estima, mas não quero ninguém. Eu quero me divertir.

Saio à noite com as meninas pra um show insuportável, mas elas me convencem de ir. Eu sabia que existia chance de eu encontrá-lo por lá. Eu já tava tão bem, não precisava disso. E, claro, ele estava lá.

Nessa etapa é preciso encontrar com ele. É bem provável que você tenha uma recaída, mas você está bem com você, está cheia de planos, cheia de ideias novas. Você não vai passar vexame.

Vejo ele de longe e meu coração começa a acelerar. Finjo que eu não vi ele conversando com uma menina e saio de perto. Minhas amigas perguntam se tá tudo bem e meus olhos enchem de água. Quero sair daqui. Parece que todo o trabalho que eu fiz pra me reerguer, nesta semana, foi em vão. Voltou tudo de novo, como se fosse o primeiro dia.

Bebo mais uma cerveja e sinto meu corpo amolecer. Quero ir falar com ele, quero falar que não quero que ele fique com ela. Mas eu não tenho mais nada a ver com isso. Ele é meu ex. Não é meu amigo, nem meu namorado. Ele é uma pessoa que tinha meu coração, que eu tinha confiança, que eu contava os meus segredos. Mas terminar é arrancar um amigo da sua vida à força e dói pra cacete.

Eu preciso te arrancar de mim como se arranca uma erva daninha. Mas morro de medo, porque, se eu te arrancar, talvez eu arranque um pouco de mim também. E é isso. Eu preciso arrancar essa memória de mim, porque quem eu era com você, não existe mais. E agora eu sou uma pessoa que faz francês e toca violão. E eu acordo cedo pra andar pela orla. E a vida também pode ser boa sem você, porque eu sou uma nova eu.

Nossos olhares se cruzam e eu tenho vontade que um buraco se abra diante de mim. Sorrio. Você não esperava que eu sorrisse. Você não esperava que eu estivesse ali, pronta pra outra.

E eu vejo que você se surpreende comigo. A gente se aproxima, se cumprimenta dando dois beijinhos. Meu deus, isso é muito estranho. Quero me enrolar no seu peito, sentir sua barba arranhando meu rosto. Seu cheiro de vida medíocre me faz querer parar de respirar. Mas eu só pergunto se está tudo bem.

Tudo e você? Como andam as coisas?

Quero dizer que sou uma nova pessoa, que talvez você não me reconhecesse, mas você não percebe nada de muito diferente.

Respondo que está tudo bem.

Vi você numa foto num curso de francês. Tá fazendo aula? Só tem gente estranha naquela turma.

Por que ele andou fuxicando meu Facebook se não quer mais nada comigo? Quero concordar que só tem gente estranha, mas percebo o quão imbecil foi esse comentário. Sem querer, lembro que ele sempre fazia comentários imbecis sobre as coisas, mas eu não queria ver.

Quando a gente termina, percebe que o outro nem é tudo aquilo. Talvez o que eu gostasse mais em você, era o jeito que eu me sentia quando eu estava com você. Mas agora eu estou construindo uma nova vida em cima dessa que eu já tenho e não posso recusar. Oi, quero trocar de vida, essa não me serviu bem.

Os pensamentos rasgam minha cabeça por dentro e tenho certeza que ele percebe meu coração quase saindo pela boca. Falo que estou fazendo francês e violão e que a vida anda muito bem obrigada, mas penso “quem é aquela otária que você tá conversando?” Agora preciso encontrar minhas amigas. Tchau.

Você não esperava que fosse cortar a conversa e me olha sem entender, mas finge que tá tudo bem. Encontro minhas amigas e falo que quero embora. Todas desistem da noite por mim, menos uma que já está quase ficando com um carinha. Saio impecável do show. Sem dar vexame, sem beber todas, sem falar merda. Viro a esquina e caio no meio fio de tanto chorar.

As meninas me abraçam e compram uma coxinha com muito catupiry e uma Cola-Cola. Aquele é o melhor gosto que eu já senti. A gente volta pra casa e fica conversando um tempão na cozinha, tentando entender aquela situação toda, até que uma delas me faz a pergunta mais óbvia: mas você que voltar com ele?

Eu quase respondi de supetão que claro que sim, mas paro pra pensar na minha vida agora, no que ele me falou e percebo que não. Eu não queria voltar pra minha rotina. Apesar de ainda sentir muita falta da companhia dele e das coisas que a gente fazia, eu prefiro não estar com ele agora. Talvez ele não sei encaixe mais nos meus planos. E não respondo nada.

Às 5h da manhã ele me manda uma whatsapp perguntando se eu ainda estou na festa. Meu coração dá um pulo. Eu visualizo, mas não respondo nada. Eu não preciso responder e eu não quero responder, apesar de meus dedos começarem a digitar que não e você? Mas pra quê? Coloco o celular no silencioso, me enfio debaixo da coberta e caio no sono.

No dia seguinte, ele fala comigo de novo à tarde. Pergunta se eu gostei do show e eu respondo friamente tudo. Será que a gente devia marcar de se encontrar? Talvez pra fechar esse ciclo? Mas encontrar com ele vai me dar mais dúvidas do que respostas e falo pra ele ali mesmo que acho melhor a gente não manter contato, como combinamos assim que tudo acabou.

Ele fala que respeita essa minha decisão, mas que queria saber da minha vida. Respondo que quando eu estiver preparada, ele vai saber. Ele digita e apaga um milhão de vezes e depois desiste. Eu também. Decido ir tomar um sorvete e ver o sol se pôr. À noite vou ver um filme sozinha em casa. Agora eu gosto de ver filme sozinha em casa. E eu gosto tanto desse novo eu que não tem espaço pra um velho ele.

Semana 5 – Hora de se abrir pra alguém novo

Minha rotina continua a mesma da semana passada. Tenho aula de violão, Francês e meu trabalho tá parecendo mais legal do que era antes. Tô com uns novos planos. Resolvi que sábado de manhã eu vou fazer stand up na Lagoa. Nunca fiz essas coisas, mas as pessoas que fazem parecem bem felizes ali, então resolvi tentar.

Eu podia aprender a surfar, pintar o cabelo de loiro e virar aquelas pessoas que são ratas de praia. Eu gosto dessa visão de mim. Eu posso seguir o caminho que eu quiser e não tenho nada a perder. Não preciso me preocupar em dar satisfação e nem evitar brigas por causa de ciúmes. Namorar é ótimo, mas descobri que a vida também pode ser muito incrível sendo solteira.

Esse fim de semana eu fui numa festa na casa de um amigo de um amigo. Agora eu vou pra tudo que me chamam. Às vezes eu saio do trabalho, tomo um banho e vou direto pra um bar ou algum evento que esteja rolando. Nem dá tempo de pensar muito. Conheci muita gente nova, muita gente idiota, mas muita gente que eu já marquei de sair de novo. As coisas parecem mais vivas.

Eu ainda não tô 100%, confesso. De repente me bate um desespero e eu quero voltar atrás de tudo, penso em ligar pra ele, penso em desistir, mas logo alguém me chama pra fazer alguma coisa e esse sentimento passa. É estranho. A saudade ficou, mas a angustia foi embora.

Nessa festa, eu fiquei conversando um tempão com um cara que veio do Espirito Santo fazer mestrado aqui. A gente ficou fumando um cigarro na janela e eu nem percebi que se passaram 2 horas enquanto a gente trocava uma ideia sobre tudo.

Falei do meu ex, ele falou que também saiu há pouco de um relacionamento e percebo que os dois estão satisfeitos de estarem ali, agora, presenciando as coisas boas da vida. Pela primeira vez, desde que eu terminei, sinto uma vontade inexplicável de beijar outro cara. Aqueles olhos castanhos profundos me engolem e eu só tenho vontade de agarrar ele ali mesmo, na frente de todo mundo.

A gente não ficou nesse dia, porque ainda não sei se estou preparada pra me decepcionar de novo, mas eu percebo um interesse da parte dele. A gente troca telefone, Facebook e tudo mais, e combina de se encontrar durante a semana. Estou ansiosa pra encontrar com outro cara e meu ex começa a se transformar em lembrança.

Meu professor de Francês me ajudou a fazer uma carta de recomendação pro meu mestrado no sul da França e agora eu só penso em qual universidade eu quero ser aceita. Começo a planejar minha viagem pra lá, olhar preços, lugares pra ficar e o caminho enorme que eu ainda tenho que percorrer. As decepções que eu vou ter, os amores que vão aparecer. No peito, só uma vontade imensa de ver o que vem pela frente.

Enquanto olho o site do Airbnb, converso com o carinha que eu conheci na festa do meu amigo e conto pra ele sobre os meus novos planos. Ele faz com que eu fique mais empolgada ainda. Ele é bom de papo, apesar de fazer umas piadas meio sem graças que me deixam com preguiça de responder. A gente combina de tomar uma cerveja, já que a noite tá quente pra caramba e não faz sentido a gente ficar de papo através de uma tela de computador.

Olho pro meu chat e meu ex tá online. Pela primeira vez, não sinto a mínima vontade de clicar naquela fotinho e puxar assunto. Eu queria contar pra ele que eu vou pra França no ano que vem, ter a certeza de que isso causou desconforto e uma pontada de inveja nele. Mas ele vai descobrir depois, quando eu tiver preparada pra falar da minha vida.

Desligo o computador, me arrumo e saio de casa pensando onde foi que eu errei no relacionamento, de uma forma bem racional mesmo, sem dramas. Queria saber onde eu errei pra não cometer esse erro de novo. Chego à conclusão de que eu errei não começando essa vida nova antes e até a rua aqui de casa parece mais bonita.




Talvez eu seja todas as palavras que eu já escrevi. Talvez eu seja todos os personagens que eu já criei e vivi. Acho difícil falar de mim, já que, quem eu sou agora, já é diferente de quem eu era um minuto atrás. Colunista do site Fãs da Psicanálise.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui